A venda dos direitos sobre o nome, ou naming rights, é uma das alternativas aventadas por governos e clubes para recuperar o alto investimento nos estádios da Copa de 2014. Pouco explorado no Brasil, esse mercado ultrapassou os US$ 4 bilhões no mundo em 2009.
E também é a principal aposta do Corinthians para a construção do seu estádio em Itaquera, um dos candidatos à abertura do Mundial. A solução alvinegra, porém, pode esbarrar no valor do negócio, que terá ao menos que igualar os contratos mais vantajosos do mundo.
As obras do “Itaquerão” estão orçadas em R$ 335 milhões. Serão bancadas pela Odebrecht, que buscará empréstimo no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Para saldar a dívida com a construtora, o Corinthians conta inteiramente com a venda dos direitos sobre o nome da arena, a serem negociados por sete ou dez anos.
Se conseguir a façanha, o clube paulista vai superar os principais estádios alemães da Copa de 2006 e chegar bem próximo do maior acordo de naming rights já firmado no mundo: os times norte-americanos de beisebol New York Mets e o de basquete New Jersey Nets fecharam contrato de US$ 400 milhões em 20 anos com o Citigroup e a Barclays, respectivamente, em ligas mais lucrativas que a brasileira.
“Embora o mercado de mídia vá bem, falar de R$ 33 milhões por ano é demais”, diz Amir Somoggi, diretor da área de Esporte Total da consultoria Crowe Horwath RCS e autor de estudo sobre o tema. Para o consultor, o mais realista é pensar num prazo mais longo ou num valor anual menor, entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões.
Mesmo com um eventual reajuste de números, a estratégia corintiana segue o rumo certo, diz Somoggi. A análise do consultor conclui que os contratos de naming rights mais vantajosos são assinados antes da conclusão da obra e por longos períodos. Com isso, o estádio já nasce com o nome do patrocinador e os recursos capitalizam a construção da arena.
“O naming rights tem que ser assinado para 14 a 20 anos, porque dá tempo de capitalizar. É bom para o clube, porque tem garantia de receita, inclusive para a obra. E o patrocinador paga pouco por ano.”
Estádios da Copa
No Brasil, a única experiência do tipo ocorreu com o estádio do Atlético-PR. Entre 2005 e 2008, a Arena da Baixa foi rebatizada com o nome da empresa japonesa Kyocera Mita.
Segundo Somoggi, a Copa de 2014 pode reativar esse mercado. O exemplo a ser seguido é o do Mundial alemão, do qual todas as arenas negociaram a cessão de seu nome a uma empresa privada. A diferença é o tamanho dos contratos, que atinge proporção maior nos estádios mais famosos.
“Se um investidor me pedisse orientação, indicaria os 12 estádios da Copa de 2014. Mas pode ser que o valor seja diferente, pois depende do projeto. O Vivaldão (Manaus), por exemplo, pode levar o nome de uma marca local”, afirma Somoggi.
Fonte: Portal Copa 2014