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quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Desinteresse, torcida encomendada, estádio vazio: Mundial de Interclubes não empolga

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Um grupo de torcedores ruma para as arquibancadas do estádio Mohammad Bin Zayed e se mostra totalmente diferente dos sul-americanos, dos europeus, dos africanos e até dos asiáticos. E não é apenas por causa da roupa tipicamente árabe: eles não carregam bandeiras, não dão sinais de empolgação, não parecem envolvidos em um jogo que começará dentro de 30 minutos. Eles, na prática, pouco ligam para o que vai acontecer ali. E são um retrato fiel do envolvimento dos árabes com o Mundial, uma competição que não conseguiu cativar Abu Dhabi em sua segunda e última edição por ali.

A cidade segue seu ritmo normal, como se a competição não existisse. Não é sombra de como fica Porto Alegre em tempos de decisão, não chega aos pés da comoção dos sul-africanos com a última Copa do Mundo, não tem um pingo da loucura dos argentinos com o futebol. O comportamento mais reservado dos árabes não é a única explicação, embora seja real. A questão é que o Mundial foi parar ali por causa do interesse externo, não interno, na arte da bola.

Abu Dhabi vive momento de expansão turística. E tenta combater Dubai na atração oferecida aos estrangeiros. Por mais que a população local não se empolgue com o futebol, a ideia é chamar a atenção do resto do mundo para a cidade por meio do esporte. A mídia internacional, ao mostrar o Mundial para países enlouquecidos por futebol, casos de Brasil e Itália em 2010, automaticamente dá um panorama turístico do local. E aí Abu Dhabi tem muito a oferecer – bons hotéis, atrações naturais, segurança absoluta, uma cultura diferente da Ocidental, mas não radical a ela, e preços acessíveis em alimentação e deslocamento.

Não é incomum encontrar taxistas que não sabem onde ficam os estádios do Mundial e pessoas que não imaginam que ali existe uma competição desse porte. A cidade apresenta raros indícios de que é sede do torneio mais importante de clubes: poucos painéis publicitários, cobertura discreta nos jornais, assédio nulo de torcedores locais. Os treinos do Inter em Abu Dhabi têm sido mais tranquilos do que em manhãs chuvosas de inverno no Beira-Rio.

Os jogos apresentam estádios com pouco público. Nem a partida do time da casa, o Al-Wahda, causou mobilização: menos de 24 mil pessoas foram ver a vitória de 3 a 0 sobre o Hekari United, de Papua Nova Guiné. No duelo entre Mazembe e Pachuca, nesta sexta-feira, nem metade do estádio foi ocupada. E parte dos torcedores estava ali claramente sob encomenda. Enquanto todos os demais árabes do estádio ficavam quietos, dois grupos batiam palmas ao mesmo tempo, coreografados, simulando uma empolgação que não tinham, forçando uma alegria para estrangeiro ver.

No ano que vem, o Mundial volta para o Japão, onde o Inter foi campeão em 2006. Não chega a ser um epicentro da emoção futebolística, mas é um local que vive mais o futebol do que os Emirados Árabes. De certa forma, Abu Dhabi se despede da competição com o alvo atingido. Só de colorados, são esperadas mais de 5 mil pessoas para os jogos do Mundial. Cada uma delas, ao voltar para o Brasil, falará sobre a cidade, que espera ver um efeito dominó no processo de atração de estrangeiros – gostem eles de futebol ou não.

Fonte: GloboEsporte.com

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