Artigo de R. Ney Magalhães
O Engenheiro Civil Ernesto Vargas Batista, de tradicional família deste Cone-Sul do Estado, faleceu neste inicio de 2011, legando para todos nós e para a Historia de Amambaí um “curriculum” de trabalho progressista.
No final da década de 1950, quando eu era Fiscal/Avaliador do Banco do Brasil, tive a felicidade de conviver com o amambaiense Ernesto, co-proprietário junto com seus irmãos da Fazenda Morumbi, nas margens do Rio Paraná, na época ainda Município de Amambaí.
O Porto Morumbi atualmente faz parte do Município de Iguatemi, criado em novembro de 1963.
Pretendendo executar um projeto agro-industrial inédito na região, o então Prefeito de Amambaí requereu financiamento junto à Carteira de Credito Agrícola e Industrial – CREAI, construindo valetas e outras obras de drenagem em uma área continua de duzentos hectares nas várzeas do Paranazão, com a intenção de cultivar arrôs irrigado.
Foram edificados também dois Barracões com estrutura metálica, paredes e teto de zinco, a melhor tecnologia possível na época.
Com modernas maquinas para Beneficiamento e embalagem do produto, aquele Arrôs crioulo de Amambaí conquistou os mercados paranaenses. Anotem que vivíamos os anos 50/60 do século passado, no Sul do então Estado de Mato Grosso, quando a margem esquerda do Rio Paraná ainda era coberta por matas virgens. O Norte Novo do Paraná apenas começava suas derrubadas.
Do outro lado havia o pequeno povoado de Guaíra, criado e fundado pela Companhia Mate Larangeiras (com G mesmo). O Engenheiro Ernesto Vargas Batista tinha visão de futuro.
Amambaí começou a ser construída verdadeiramente nessa administração, e por isso sempre comento com meus amigos que o Ernesto foi o melhor Prefeito que conheci nestes meus 76 anos de vida fronteiriça.
Demarcando um traçado mais adequado e moderno foi encurtada a distancia até Ponta Porã, onde o Prefeito João Portela Freire seu parente por afinidade e que tinha raízes também aqui na Vila União como ainda nos referíamos carinhosamente, em parceria construíram o primeiro cascalhamento que permitiu um trafego mais rápido.
Com freqüência nosso Prefeito embarcava em Ponta Porã nos aviões da Nacional, Real ou Panair do Brasil rumo a Capital Cuiabá em busca de recursos financeiros.
Com seu veiculo particular um Jeep DKW, ele percorria as estradas municipais, fazendas de gado e ervais. Afinal, a produção do Campo arrecadava os Impostos que construíam Amambaí.
Alíás, a produção rural ainda nos dias atuais é a maior fonte de renda local e regional.
Foram redemarcados os traçados das rodovías para Iguatemi, Juti e demais distritos, criando ainda uma Patrulha mecanizada que cuidava dos acessos às Fazendas, permitindo o escoamento da produção e a locomoção dos moradores.
Quando Ernesto assumiu a Prefeitura, Amambaí não tinha Energia Elétrica, um simples motor gerador fornecia uma energia precária.
Muitas vezes à noite no Escritório de sua residência eu datilografava Laudos para o Banco do Brasil, e o trabalho só poderia ser feito até às 20,30 horas, quando o motor era desligado.
Pois bem, Ernesto deu a LUZ para Amambaí. Com poucos meses de gestão, e com recursos da própria população, com venda de Ações foi idealizada, projetada e construída a Usina do Panduí.
Com Energia Elétrica abundante e barata ficou mais agradável assistir à noite, aos Filmes no Cinema do Doneville, na Pedro Manvailler, onde hoje é o Escritório de Contabilidade do seu filho Domar e do neto Baiúca.
Mantendo a tradição de trabalho e progresso seus sobrinhos Vargas de Aquino, filhos do medico Aristeu são criadores de Nelore Marca 27 do melhor padrão racial regional.
E na Educação, seus sobrinhos netos Ivolim e Lauro Andrey, que alem de Monteiro e Carvalho, ostentam o Vargas e Batista operacionalizando as Faculdades Integradas de Amambaí-Fiama, valorizam o futuro.
E Amambaí recebeu muitas dádivas pelo trabalho e competência do seu filho ilustre, que agora aos 92 Anos faleceu em Campo Grande.
A trajetória profissional e política desse engenheiro/prefeito que armou os alicerces de Amambaí deve ser cultuada como um dos capítulos mais importantes da historia do Cone-Sul do Estado.
Ney Magalhães é produtor rural em Amambai
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