Artigo de Odil Puques *
Cultura (do latim colere, que significa cultivar) é um conceito de várias acepções, sendo a mais corrente a definição genérica formulada por Edward B. Tylor, segundo a qual cultura é “aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.
O causo deu-se o seguinte:
De algum tempo, já há dois anos, temos nós da Associação Cultural Casa Paraguaia um projeto denominado “Orquestra de Violões” que basicamente consiste em ensinar a jovens e adolescentes a tocar as músicas regionalistas. Paralelo a isso a Associação Viva a Vida, ganhou da Junta do Trabalho de Amambai, todos os equipamentos para se fazer um cinema ao ar livre, DVD, data-show, telão, caixa de som, mesas e cadeiras. Resolvemos unir o útil ao agradável e montamos um projeto que chamamos de “Cultura nas Vilas”. A cada 15 dias levaríamos nossa caravana para as vilas da cidade, passaríamos um filme e após faríamos a apresentação da nossa orquestra. Resolvemos tocar o projeto em parceria com as associações de moradores, por ser um serviço à população da vila e para usar a infraestrutura das sedes, fazer pipoca, usar o barracão em caso de chuva, energia elétrica, etc.
Começaríamos pela Vila Limeira, até porque é a vila mais afastada do centro da cidade e talvez a mais carente em eventos culturais. Tudo combinado e tratado com o presidente daquela Associação de Moradores, Sr. Jonas de Araújo, divulgação do evento, convites feitos, notícias inclusive nesse site, mas…
Eis que nos liga um consternado Jonas, pedindo excusas, mas não poderia fazer o evento na associação de moradores que preside. O porquê? Foi procurado por alguns que ocupam “cargos de confiança” na Prefeitura de Amambai e pressionado, se fizesse o evento não teria mais nenhum tipo de ajuda da municipalidade. Como assim Sr. Prefeito? Quer dizer que a cidade agora tem dono? Porque não podemos levar um pouco de lazer e cultura à população das vilas da nossa cidade? Então fica assim!!! A Prefeitura nada faz em pról do entretenimento e da cultura e quando alguém tenta fazer alguma coisa não pode???.
Acabou-se com o Festibai, o DO-RÉ-MI e a Banda Musical projetos da administração anterior, ninguém sabe, ninguém viu, nossa cidade é carente, de empregos à cultura. Era simples, não quisessem a nossa intromissão nesses assuntos fizessem a parte que lhes cabe. Agora ameaçar, proibir? Nosso direito mais sagrado é o de se reunir pacificamente nos exatos do art. 5º, XVI, da Constituição Federal e o inciso IX do mesmo artigo diz que é “livre a expressão de atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”. Pensas Sr. Prefeito que é a nosotros promotores do evento que prejudicas? Ledo engano. Os maiores prejudicados são os munícipes que V. Excia., foi escolhido para administrar.
Mas não tem nada não. Se fomos proibidos de fazer nosso evento nas associaçiações de moradores, vamos para as ruas, para as praças. Afinal como diz Castro Alves “a praça é do povo” “e o céu é do Condor” complementa Caetano. Aviso aos navegantes: Ninguém vai nos impedir de levar um pouco de cultura e lazer ao nosso povo. Ninguém mesmo.
- Odil Puques é advogado, coordenador e um dos fundadores da Casa Paraguaia, responsável pelo projeto Orquestra de Violões de Amambai.