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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

As lagoas da fronteira

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Artigo de R. Ney Magalhães *

Os colonizadores pós guerra, povoaram o Planalto de Lagoas com media de 650 metros de altitude, onde hoje está a cidade de Ponta Porã, e posteriormente construíram as “ranchadas” de Erval, no Planalto médio repleto de Lagoas com águas cristalinas, próximo aos 500 metros, e que atualmente abriga a cidade de Amambaí.

Pode-se afirmar que toda esta vasta e bela região da Fronteira era muito rica em Águas, disponíveis nas inúmeras Lagoas e Riachos que permeavam os campos, permitindo o desenvolvimento da pecuária extensiva que junto à exploração de erva mate produziam nossas primeiras riquezas.

Viajando a cavalo, desde Iguatemi, passando por Amambaí e até alcançar Ponta Porã, os viajantes dispunham da água pura e natural das vertentes e cabeceiras que alimentavam as Lagoas.

Já no final da década de 1950, percorrendo a Região Fronteiriça como fiscal/avaliador da Carteira Agrícola do Banco do Brasil, em Fordinho 29 e depois com Jeep Willys, pormenorizadamente conheci as propriedades rurais que produziam Erva Mate ou Bois de Corte.

Pela margem direita do Rio Amambaí, o ultimo povoado era Iguatemi.
O desenvolvimento chegou, e a ocupação das terras de Matas era uma obrigação para a produção de alimentos destinados aos grandes centros. Com a ocupação dessas áreas nasceu Itaquirai, Eldorado, Mundo Novo e os demais municípios até Aral Moreira. Apenas como ressalva devo dizer que Tacuru e Paranhos já possuíam um pequeno povoamento desde o fim da guerra. Os demais surgiram após a derrubada das Matas.

O Governo financiou e as matas foram desbravadas e cultivadas.
Os empreendedores eram tratados como benfeitores da humanidade, produzindo alimentos para os brasileiros e exportando o excedente, fortalecendo a Balança Comercial.

Assim o solo foi amainado para a construção das atuais lavouras mecanizadas, que representam a melhor fase econômica regional.
É verdade que perdemos as Matas e muitas de nossas vertentes, cabeceiras e lagoas, porem foi um ato responsável e necessário.

Assim também nasceu e cresceu São Paulo, o maior pólo comercial do Brasil, e todos os outros Centros econômicos brasileiros e mundiais.
Por aqui não poderia e não pode ser diferente.

Nossa Região tem o direito de progredir, principalmente agora que a alta tecnologia existente permite a sustentabilidade da natureza. Precisamos apenas de incentivos e financiamentos compatíveis com a atividade rural produtora de alimentos.

Os Países ricos do G 8 que sustentam as ONGs incentivadoras de ações nefastas contra os produtores rurais brasileiros deveriam ser convidados pelo Congresso Nacional, e esta minha crônica é um recado ao deputado Federal Fabio Trad, produtor do recente e oportuno Artigo – Água – O Petroleo do século – para que distribuam com um pacto azul, ou cinzento dos Euros, ou até mesmo verde dos Dólares, suas riquezas, neste potencial Paraíso das Águas que é o Planalto das Lagoas da Fronteira em que estamos assentados. Por sinal, exatamente sobre o rico e badalado na mídia televisiva, o aqüífero Guarani.

Os primeiros passos seriam financiamentos de projetos técnicos viáveis economicamente, para que cada proprietário rural tenha condições de conservar e produzir Águas, aferindo lucros para sua sobrevivência, fortalecendo nossas cidades.

Não podemos nós, aqui em um Estado novo e ainda carente de infraestrutura, sozinhos “pagarmos o pato”, para que os cidadãos urbanos dos grandes centros sejam beneficiados, respirando e bebendo água, a Custo Zero.
Em contradição a tudo que se fala sobre a diminuição ou escassez das Águas, responsabilizando a derrubada de matas ou de arvores, acabamos de assistir ao Verão mais chuvoso dos últimos Anos. A culpa da má distribuição de chuvas será só do produtor rural?

Assim no Campo, criando mecanismos financeiros e econômicos para a conservação do solo, com manutenção de brejos e matas ciliares, com “micro-bacías”, e nas Cidades apoiando as Prefeituras para a proteção de áreas periféricas de vertentes e córregos, principalmente evitando futuros aterramentos dos banhados, poderemos encontrar a sustentabilidade necessária.

Alguém deve pagar por isso.

  • Produtor Rural em Amambaí.

Fundador da Famasul e foi Delegado Federal da Agricultura do MS.

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