Artigo de Antônio Oliveira Franco
Sou homossexual, pai, trabalhador e cidadão e, nesta condição, algumas perguntas me fazem refletir… Será que as pessoas sabem o que é ser gay? Pais e professores estão preparados para assistirem uma criança homossexual? Será que a sociedade está preparada para encarar os homossexuais? E o papel do verbo assumir para os lados da moeda?
Questões como essas estão crescendo, assim como propagandas sobre o homossexualismo em rede nacional nos canais abertos de televisão; a mídia, cada dia mais explora a imagem do homossexual, mas qual imagem? “Bicha, sapatão, viado, boiola, macho-fêmea”, entre outros, são os nomes ou palavrões que até Silviano Santiago menciona em seu texto, O Homossexual Astucioso. Juntos, esses nomes ligam a imagem do homossexual a coisas geralmente fúteis e de cunho irônico, além de piadas de todas as formas.
Ao falar dos homossexuais falamos sim de uma minoria, mas com que direito a sociedade pode nomear com nomes tão horrendos seres humanos com iguais capacidades intelectuais, culturais, físicas e, oxalá, muitos mais capazes que os ditos normais e que não se enquadram nas minorias?
Não deixo de levar em consideração o credo da maioria, mesmo não sendo o mesmo para todos; as diferenças no culto aos deuses seguem, a princípio, o mesmo mandamento – o de que os homossexuais são impuros e não podem gozar de um paraíso imaginário… Além do verbo assumir, o verbo gozar é o que mais está ligado a esta minoria, o que nos remete à idéia de sacanagem, como pode?
É certo que a imagem que mais aparece é esta, a da banalidade, mas é uma minoria da minoria, já que quem se preza realmente e imagina quais serão as consequências ao assumir a condição de gay, raramente se assume.
Assumir a condição de homossexual não é apenas sair do armário; é ser taxado de descartável e condenado a uma classe diferente do que você realmente é, justamente porque você pensa, enxerga e sente igual a todos. Ser gay ou homossexual com pundonor e com pudor é a saída, senão a ridicularização toma conta do seu cotidiano e da sua vida.
O fato é que a sociedade formou uma concepção a respeito desta classe, adquirida de muitas formas, ao longo dos tempos – e não é um espaço de tempo muito curto, já que o homossexualismo remete aos tempos de Alexandre, o Grande – e, hoje, é realidade. Como exemplifica a professora Rute de Souza Josgrilberg: “Vejo, sobretudo aqui na região, atitude muito parecida em relação aos indígenas. Os rótulos agressivos também existem – bêbedos, preguiçosos, ladrões, drogados… e por aí vai.”.
Levando em conta que isto tem a ver com a genética, quem está livre de ter um filho nesta condição? Eu não; mas me preocupo. Por quê? Justamente porque a sociedade, seus futuros professores, seus amigos e até seus próprios pais podem não estar preparados para amá-lo e respeitá-lo como ele merece, considerando que ele não tem culpa do que ele é.
Estudos apenas não darão conta de explicar e elevar os homossexuais da condição de minoria para a massa homogênea da população. O caráter, o exemplo e a dignidade, esses sim poderão fazer com que este respeito seja inserido na mente e no coração das pessoas.
Não é vaidade. Saibam que nem todos apelam à sacanagem. Como pregar valores, defender crenças, sem respeitar a diferença, pequena diferença ou nenhuma… Inclemência contra a diferença não constrói, apenas destrói.
Antônio Oliveira Franco; professor convocado do Estado e Assistente Social