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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Artigo: Trinta e um de março

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  • Artigo de R. Ney Magalhães

Trinta e um de Março de 1964, na minha ótica, é o Dia do Nacionalismo.
Faltava o Feijão, o Arrôs e outros alimentos básicos nos supermercados, e assim as Donas de Casa saíram às Ruas e num Panelaço Nacional assustaram aos vendilhões da Pátria.

O movimento Camponês liderado no Sul por Brizola e no Norte/Nordeste por Miguel Arraes, deu um tiro no pé ao ameaçar o Direito de Propriedade.
Assustados com a própria sombra, esses precursores do atual MST fugiram do País.

Eles estavam no Poder, e se o Brasil não andava bem, a culpa era exclusivamente deles que já haviam recebido o Governo do companheiro Getulio Vargas.

Iniciando o que hoje é chamado de Movimento dos Sem Terra, do Rio Grande do Sul ao extremo norte o iniciante Grupo dos Onze que congregava agricultores e formava as chamadas “Ligas Camponesas” arrastavam o Brasil para o caos da insegurança e da Guerra Civil.

Culminando com a falta de alimentos nos Supermercados, as longas filas para comprar feijão e outros alimentos faziam surgir focos de intranqüilidade nas grandes cidades.

Dona Leonor, esposa do Governador de São Paulo, Ademar de Barros, foi uma das líderes do Panelaço que “assustou” aqueles elementos nocivos à Sociedade, e que tentavam mais uma vez, perpetuarem-se no Poder.

No Rio de Janeiro a esposa do Governador Lacerda e em Minas Gerais a esposa de Magalhães Pinto completaram a lista das mulheres comandantes do Movimento que levou o povo, liderado pelas donas de casa para as Ruas e que ficou conhecido depois como Revolução Militar de Trinta e Um de Março.

Conta a historia que alguns políticos fugiram vestidos e disfarçados com roupas de mulher, e com sacas cheias de dinheiro embarcaram para o Uruguay.
Demonstrando total desprendimento os Governadores e outros líderes civis políticos da época, convocaram as Forças Armadas para comandarem o Governo do Brasil naquele período de transição.

Eram muitos os focos de subversão da ordem e da legalidade e assim entendia a Sociedade que somente os Militares teriam força e poder para restabelecer a Ordem e o Progresso.

Naqueles tempos, na minha posição de produtor rural arrendatário, trabalhando nas margens do Rio Amambay, com 29/30 anos de idade e com mulher e três filhos pequenos para sustentar, assim como a grande maioria dos brasileiros do Interior não tínhamos muito tempo nem condições de nos aprofundarmos naqueles assuntos Políticos que estavam ocorrendo nos Grandes Centros.

Foi impossível, no entanto não perceber o novo Brasil que surgiu, após aquele patriótico 31 de Março de 1964.

A Paz e a tranqüilidade com progresso voltaram a existir, as Grandes obras como as Usinas Hidrelétricas de Furnas, Urubupungá e Itaipu preconizavam um futuro promissor.

O asfalto veio de São Paulo até a nossa fronteira.

Os produtos agrícolas passaram a ser mais bem remunerados, e com uma Política Agrícola eficiente o Mercado logo foi reabastecido.
Os Estoques reguladores ao mesmo tempo em que atendiam às necessidades dos agricultores mantinham os preços estáveis e acessíveis para a sociedade consumidora.

Com soberania e sem dependência externa o Credito Agrícola atravez do Banco do Brasil começou a abrir as novas fronteiras, inclusive esta do Centro Oeste que culminou com produção de grandes safras de grãos e de gado da qual somos protagonistas.

Foram vinte anos de transição, que alguns teimam em chamar de Revolução Militar de Março.

Apenas os Presidentes eram Militares, os Ministros e demais governantes e assessores eram Civis, como hoje.

O tão decantado social de hoje também não era esquecido.

O Funrural criado pelo Presidente Médici e pago pelos empregadores rurais, no pequeno percentual de 0,5 % foi suficiente para beneficiar e fazer justiça com milhares de Trabalhadores Rurais, proporcionando-lhes atendimento de Saúde e Aposentadoria.

Na Era Sarney a autarquia Funrural foi extinta, mas continuamos a pagar agora a alta cobrança de 2,5% sobre nossa produção.
E hoje, os Trabalhadores e Empregadores Rurais não tem mais o atendimento social de antes.

Em audiência no Palácio do Planalto com o Presidente Geisel, diante das dificuldades expostas que apresentamos, pela exigência para aposentar nossos velinhos trabalhadores, recebemos a orientação do Presidente/General de simplesmente olhar naqueles Brasileiros as mãos calejadas o a face enrugada pelo sol, para assinarmos nosso Aval.

Foram aqueles vinte anos que nos legaram o progresso de hoje.
Não fosse a Política Agrícola instituída pelos Governos Militares, com Programas Especiais tais como Proagro – Prodep – Provarzeas – Propec aliados aos subsídios nos fertilizantes e no Procal, o Agronegocio não estaria acontecendo nestes novos vinte e poucos anos da chamada Nova Republica do Tancredo/Sarney.

Para a felicidade de nossos netos devemos pensar em um novo Trinta e Um de Março.

Hoje, quando finalizava esta crônica assisti na TV o Presidente Lula, que ao vivo declarou um ato de concordância e elogios aos anos militares, pois disse textualmente que o Brasil estava parado e sem crescimento já há vinte e seis anos. Exatamente nos tempos de Sarney e cia., seu fiel companheiro de hoje.

E quando ele abre a boca ao vivo !!!

Comentando seu PAC eleitoreiro ele fez justiça com a historia.
Em respeito à verdade, dedico esta crônica para os mais Jovens Brasileiros, que pela liberdade de expressão, tem agora as condições de avaliar as diferentes versões da historia apresentadas na mídia.

Exemplificando com a atual novela do SBT, sobre 1964, que no meu entender é totalmente equivocada e tendenciosa, penso estar cumprindo meu dever de cidadão, restabelecendo um pequeno pedaço da historia contemporânea.

  • Ney Magalhães é Produtor Rural em Amambaí, Fundador da Famasul e foi Delegado Federal da Agricultura do MS.Contato: [email protected]

Foto ilustrativa do Golpe Militar de Março de 1964.

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