Amambai de Ontem e de Hoje
Por R. Ney Magalhães
As Festas de São João nos trazem lembranças e saudades das comemorações folclóricas do Patrimônio da União, como era denominada a cidade de Amambaí de hoje.
As “sortijas” promovidas pela comunidade fronteiriça, as “carreiradas” em cancha reta, onde o senhor Rosalino Rodrigues quase sempre era o anfitrião organizador, e as “fogueiras” do Tio Lôro, o meu tio-avô Lorino Berghan Albuquerque. além das danças folclóricas, dos Bailes animados pelos violões do meu tio Dario, do Nenê Crespo e do José Gabriel de Oliveira, e pela “gaita” do Tio Lorino, e ainda pelo violino do Margarino, completavam os festejos.
O local desses acontecimentos era mais ou menos nas imediações do atual Restaurante SBARROS, onde duas enormes arvores de Cinamomo marcavam o espaço da chácara da família Albuquerque.
Os Festeiros chegavam de todos os rincões de Antonio João (hoje chamado de Cel. Sapucaia), Carapã, Ponta Porã, Santa Luzia (hoje, Jutí), Sanga Moroty, Mangai, Curralito, Mbariguy, Itanarã/Ipehum (agora Paranhos) e Iguatemi.
As carretas transportavam famílias inteiras, e os cavaleiros “escoteiros” principalmente os moços casadoiros encilhavam seus melhores “pingos”, com apêros prateados e repletos de argolas, a fim de conquistar as “chinitas”.
As comemorações tinham a duração mínima de uma semana, e marcaram época na nossa infância/juventude. Muitos negócios aconteciam nessa Feira Folclórica onde quase toda a população do sul do então MT Uno se encontrava.
Entabulavam-se negócios de Terras, e o comercio de reprodutores Eqüinos era o mais badalado, principalmente de animais conhecidos como bons corredores em cancha reta.
A Economia, então baseada na produção de erva-mate era forte e sustentava uma vida próspera para aqueles habitantes da Região.
Amambaí destacava-se como o Distrito maior produtor da “ilex paraguayenses” que com exportação garantida para a Argentina produzia bons lucros para a sociedade local.
A Lei n.658 de 15 de junho de 1914 criou o Juizado de Paz de Amambahy, como se acha grafado, com séde em Nhuverá, e a Lei n. 131 de 28 de setembro de 1948 criou o Município de Amambaí. O progresso abria as portas para o futuro.
A foto dos músicos é datada de 1919.
A foto da fogueira deve ser entre 1930 e 1940, portanto o período de transição entre o inicio da Primeira Colonização Gaúcha e a afirmação como Município.
Esses e outros dados históricos mais detalhados podem ser confirmados no Livro do Professor Almiro Pinto Sobrinho, o meu amigo Miro, “Amambaí-Memorias e Historias de Nossa Gente”, que com o apoio da sociedade e dos governantes municipais também coordena um Museu Histórico onde registra o passado do Amambaí Antigo.
O futuro e o progresso trouxeram novos costumes, e assim as festas Juninas não tem mais as carreiras de cavalos, nem os Festeiros com suas carretas de Bois acampados às margens das Lagoas, que também foram entulhadas e sufocadas pela modernidade.
As ultimas Cabeceiras e Vertentes deram lugar aos prédios e residências do Amambaí Moderno.
Neste Planalto entre a Serra de Amambaí e os Campos de Vacaria, as Lagoas eram numerosas e abundantes.
Observando a cidade nas proximidades do DETRAN local ao Ginásio Esportivo Flavio Derzi, recordando desse passado não muito distante, comprova-se a nefasta ação predatória, porem obrigatória, do desenvolvimento urbano. Os mananciais e reservas aqüíferas desapareceram da paisagem, e agora tudo é urbanizado. As águas vão ficando mais distantes.
Criação ou implantação de Áreas Verdes, respeito às nascentes de água, proteção ciliar dos córregos das zonas urbanas são regras modernas que não estão sendo observadas.
Mas a vida continua seu ritmo alucinante, e para nossa felicidade aqui neste interior do MS, ainda podemos festejar o tradicional São João, nas Escolas onde abnegadas Mestras e Mestres cultivam as Tradições, tentando resgatar pedacinhos do passado. Muito louvável a ação da FUNDESC com a realização da Festa do Arraiá, que com fogueiras e danças típicas tenta dar continuidade a historia, também promovendo arrecadações em beneficio dos mais carentes.
É urgente a implantação de um Código Urbano/Verde nos moldes do Código Florestal, exigindo nas cidades a proteção ciliar das vertentes e dos córregos que estão ainda sobrevivendo, observando-se também o respeito pelo menos de vinte por cento de áreas com coberturas naturais. Vamos criar mais Praças, preservando maiores áreas verdes. O Campo já obedece esta Lei. Com a palavra o Partido Verde que tem representação na Câmara Municipal.
Cidadão Rural
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