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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Dr. Antonio Elias de Albuquerque Maciel, “um amigo especial”

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26/11/2011 21h39 – Atualizado em 26/11/2011 21h39

Por Sérgio Lopes

No ano de 2001, eu conheci o Dr. Antonio Elias, há época ele tinha seu escritório onde hoje é a Farmácia Bampi, um Sr. de conversa tranqüila, simpática e sempre de bom humor, nossos contatos rápidos se restringiam a um cafezinho pela manhã.

Em 2004, por influencia de um amigo fui cursar Direito em Ponta Porã, neste ano meu contato com o Dr. Antonio era mais freqüente, saiu o Dr. agora era apenas o Nê, eu, trabalhando no ramo de informática tinha bom conhecimento na área e o Nê, assim como tantos outros com alguma dificuldade, constantemente eu socorria meu amigo na área que tinha conhecimento.

No início de 2005 eu queria aprender um pouco mais sobre o ramo do Direito, certa vez em meu escritório disse ao Nê que tinha uma proposta a lhe fazer, que ele me cedesse um local junto a ele para que eu pudesse estudar e ele teria um técnico de informática e auxiliar ao seu lado.

A sua reação e resposta foi imediata e me causou emoção, ele levantou os braços, sorriu e disse, “mas isso é ótimo, você vai me ajudar muito”, em fevereiro de 2005, o Ne deixou que eu estivesse junto a ele, na mesma sala, assim eu compartilhava os assuntos e começava a me inteirar do dia-a-dia de um escritório de advocacia.

Já na primeira semana o Nê chegou com um processo já desgastado pelo tempo, folhas datilografadas, despachos ainda a caneta, pela primeira vez eu tinha em mãos algo real e um tanto complexo, durante dois ou três dias eu li toda aquela história, fiz um organograma para entender, haja vista a quantidade de pessoas envolvidas, era um caso antigo envolvendo famílias e tão interessante que mais parecia o roteiro de um filme do que um simples processo,

Assim estreitamos nossa amizade e uma proximidade ainda maior, pouco tempo depois uma mudança na estrutura do escritório, o Nê me cedeu uma sala individual ao lado da sua, apenas uma porta nos separava que ficava sempre aberta, durante quatro anos pelo período da manhã eu estive junto ao Nê, conheci seus amigos, partilhei de seus problemas, viajamos, pescamos, conversamos muito.

Em 2007 passei a trabalhar o dia todo no escritório, havia muito trabalho, e eu já ganhava algum dinheiro em muitos processos que fazíamos juntos.

Eu sempre fui meio teimoso, parecido com o Ne, nosso relacionamento como parceiros de trabalho era excelente, aos poucos fui conhecendo o Nê, suas manias, suas qualidades, sua teimosias, sua forma de se divertir, de tratar as pessoas, em um detalhe éramos parecidos, nunca fomos capitalistas, nunca um cliente ou pessoa necessitada deixou de ser atendida por falta de dinheiro, o Nê foi um homem de bom coração, a ponto de que alguns abusavam de sua bondade.

Em todas as nossas manhas havia um tempo certo para o cafezinho, o cigarro dele e o bate papo na porta lateral do escritório. O Nê era uma história viva de Amambai, conhecia o passado da cidade e gostava de contar as suas aventuras de quando era mais jovem.

Com o passar do tempo, eu tinha a confiança do meu amigo, nunca a fiz por desmerecê-la, sabia quando ele estava bem, sabia quando estava com dificuldades, ora ele me ajudava, ora eu o ajudava, O Nê nunca foi bitolado no trabalho, quando faltava dez, quinze minutos para as dezessete horas, ele já havia encerrado o trabalho, quando eu percebia o silencio na sua sala, já sabia que ele estava concentrado jogando pôquer no computador ou vendo apresentações PowerPoint.

Foi um longo tempo junto ao Nê, mudamos mesas, furamos paredes, arrumamos livros, e discutíamos qual o melhor caminho para o cliente, além de nos divertirmos com coisas simples do dia-a-dia.

A Bíblia diz em Provérbios 16:9 que o homem faz os seus planos, mas Deus é quem dirige os passos, em 2008 eu terminava a faculdade de direito, queria poder advogar, mas ainda havia a prova da OAB e nos últimos anos tinha me afastado um pouco dos meus negócios, término de curso é um momento difícil para o acadêmico, encerra-se uma rotina. Tinha que tomar uma decisão, em 2009 voltei a cuidar do que havia deixado de lado e assim já não tinha mais a companhia diária do meu amigo, tentei ainda conciliar, mas não era possível.

Mesmo não estando mais com o Ne sempre deixava o que estava fazendo para socorrer o meu amigo, as vezes era um trabalho de 10 segundos a frente do seu computador, mas eu sempre o fiz com alegria, sempre soube reconhecer as suas limitações na área e ajudá-lo pacientemente.

Infelizmente o Nê já não esta mais entre nós, algumas coisas não houve tempo para fazer, um último peixe fisgado lá no Nelito deve ter ficado no seu freezer, eu que peguei, ele insistia que teríamos que comer juntos, se você comeu o pato na panela que o Ne fazia, parabéns eu não tive esse prazer, muitas plantas que ele comprou para plantarmos em nossa tão sonhada chácara devem ter morridos nos últimos meses, ele não podia mais cuidar, assim é a vida, sempre falta algo para fazermos com nossos amigos e um dia eles partem, então lamentamos o que não foi feito.

Finalizando este texto, que fotos poderia usar para ilustrar a boa amizade que mantive com o Nê, ilustro com a de uma pescaria no Rio Amambai onde ele cozinhou, amava fazer isso e uma outra no escritório no ano de 2006.

Foram muitas histórias junto ao Nê, nenhuma delas é triste, ou é seria, ou é engraçada, tristeza naquele escritório, nunca houve, facilmente poderia escrever muito mais sobre o Nê, essas poucas palavras é minha homenagem a este GRANDE amambaiense, e pela ultima vez eu digito esta duas linhas que tanto digitei e ele assinava com confiança.

Dr. Antonio Elias de Albuquerque Maciel.OAB MS/4874

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