20/02/2012 18h13 – Atualizado em 20/02/2012 18h13
Por Paulo Henrique Amorim
A Globo fez duas parcerias estratégicas.
Com o Mr Teixeira, did you accept the bribe, e monopolizou o Brasileirinho e a Copa.
E com os bicheiros das escolas de samba do Rio.
Duas companhias enobrecedoras, virtuosas.
Ainda que funestas.
A Globo e Mr. Teixeira transformaram o futebol brasileiro numa pelada da segunda divisão de qualquer futebol europeu.
(Na Espanha, esse Brasileirinho pegava uma Terceira Divisão.)
E a seleção do Galvão ?
A Globo pasteurizou, uniformizou e deformou irremediavelmente o carnaval das escolas de samba.
A escola de samba se tornou um espetáculo que tem a forma e as celebridades que a Globo impôs.
A certa altura dos anos 80, por um ano, a TV Manchete tomou o desfile da Globo.
Para nunca mais.
A Globo se assustou e esculpiu em pedra a aliança com os bicheiros.
Em troca do monopólio, as escolas tiveram que fazer um espetáculo para a Globo.
É um Cirque du Soleil de Las Vegas.
Roda em qualquer arena.
Janio de Freitas, na Folha deste domingo, na página A7, trata da expressão “carnaval carioca”, que, segundo ele, “não tem mais sentido”.
“O desfile das escolas de samba não é Carnaval, simplesmente.”
Como o povo não é bobo, o Carnaval foi para a rua.
E dois milhões de cariocas foram para a Avenida Rio Branco brincar o Carnaval do ” segura, meu bem, a chupeta”, com o Bola Preta.
A Preta Gil levou um milhão.
O Simpatia quase Amor ocupou Ipanema e o Arpoador.
Em Recife e em Olinda, onde a Globo não manda, e onde o Carnaval não cabe num camarote , aí o Carnaval rola solto.
A Globo sufocou o teatro brasileiro, e transformou Miguel Falabela no Jorge Andrade contemporâneo.
Sufocou o cinema.
Quantos séculos se passarão até que o cinema brasileiro global faça um “Um conto chinês”?
Mas, com o Carnaval vai ser mais difícil.
É que o povão não é bobo.
Em tempo: vamos ver se com o novo desenho do Sambódromo e com os bicheiros em cana as escolas tenham que mudar. Com menos dinheiro e mais espaço para a escola – e a plateia possa invadir a pista – a coreografia da Globo talvez vá para o saco.