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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

O Jornalista Paulo Rocaro

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22/02/2012 15h58 – Atualizado em 22/02/2012 15h58

Por R. Ney Magalhães

A Gaivota Pantaneira partiu em revoada final rumo ao além.

Com características de crime sob encomenda, foi assassinado o meu amigo, jornalista Paulo Rocaro.

Saudade, que é uma palavra indefinida no seu verdadeiro significado, pode no entanto expressar o sentimento do vazio que se estabeleceu no coração de todos os que acompanhavam seu trabalho jornalístico.

Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, o Jornalista mais popular e investigativo da Fronteira era um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, e como militante ativo combatia as alianças partidárias espúrias, praticadas por algumas “alas” a nível Estadual e Municipal, sob a benção do Senador do PT.
Como Editor-Chefe do Jornal da Praça, um jornal verdadeiramente independente, o campo de trabalho era acolhedor, com caminhos retos e bem traçados sem meandros ou censuras. O jornalista elogiava o que imaginava certo, e criticava a ausência dos governantes nos setores que ele julgava mal administrados. Aliás, sempre que comentava os desmazelos governamentais era após ouvir as denuncias do povo. A sua coluna “Gaivota Pantaneira” assim deve ter contribuído e muito auxiliado os governantes na condução administrativa.

A ausência de ROCARO no convívio regional vai causar enormes prejuízos ao Partido dos Trabalhadores e suas candidaturas de Prefeitos e Vereadores nas Eleições Regionais Municipais de 2012.

Paulo, como era chamado pelos mais íntimos tinha sentimentos muito mais amplos e profundos do que simples ideologias partidárias. Basta analisar sua conduta como Assessor de Imprensa e também consultor de comunicação, alem de Editor das publicações do Sindicato Rural de Ponta Porã.

Se o PT para muitos é considerado um adversário da Classe Ruralista porque este membro ativo e opositor continuou por diversas Diretorias da Entidade nessa função de alta relevância? Certamente porque o Paulo Rocaro era antes de tudo um profissional competente e coerente nos seus atos. Inclusive foi o Editor de um Livro que registra a Historia do Sindicato, suas lutas e suas conquistas. E mensalmente editava sob sua responsabilidade o Jornal de Terra, um órgão independente da Classe Ruralista de Ponta Porã. A presença maciça da diretoria e de grande numero de ruralistas nesta sua ultima despedida foi a comprovação de carinho e respeito ao Jornalista que prematuramente nos deixou.

E como não poderia ser diferente, uma das primeiras homenagens representada por uma coroa de flores trazia a inscrição do S. Rural, tendo ao lado a prestigiosa presença da Ordem dos Advogados do Brasil. E o comparecimento físico de Juízes, Delegados e pessoas de alta representatividade da fronteira marcou significativamente o Ato, desde as primeiras horas da manhã deste trágico e fatídico 13 de fevereiro.

Ironicamente, quis o destino que o Rocaro, após ser atingido pelos disparos criminosos fosse levado para o Hospital Regional, um dos alvos das contundentes matérias jornalísticas que marcaram suas ultimas batalhas em defesa dos mais necessitados da Fronteira. Os equipamentos, aparelhos e instrumentais modernos que ele reivindicava para o povo carente, também faltaram para o seu socorro imediato. Nem mesmo uma ambulância com UTI para locomoção urgente havia disponível. Sem esse apoio técnico os médicos locais ficaram impossibilitados de exercer plenamente seus conhecimentos.

Em uma de suas matérias certa vez ele afirmou, “ nas emergências, a melhor solução para o tratamento medico especializado de Ponta Porã é seguir pela BR rumo a Dourados”. Alias, uma advertência e conselho corroborado por bons médicos da fronteira.

Rememorando tempos passados, podemos afirmar que outros jornalistas e políticos, por aqui foram também barbaramente assassinados. As mortes do advogado/escritor Batista de Azevedo e do Prefeito Modesto Dauzacker entre outros foram crimes jamais desvendados.

Neste caso, nos tempos modernos, se houver vontade política os assassinos poderão ser encontrados.

Com a partida de Paulo Rocaro, sem dúvida, finda-se uma etapa e uma era do Jornalismo do MS.

13/02/2012

Articulista do jornal eletrônico Amambai Notícias.

[email protected]

R. Ney Magalhães

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