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terça-feira, 26 de novembro de 2024

“Todo amor que houver nessa vida”

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12/06/2012 14h03 – Atualizado em 12/06/2012 14h03

Por Renata Boeira *

Sempre que chega o dia dos namorados meus amigos me perguntam se não escrevi nada para a data, e o engraçado é que eu, com 22 anos, ainda não tinha escrito nada mesmo.

Esse ano vai ser diferente, talvez eu esteja metida a saber, achar que sei um pouco mais sobre o amor ou estar enamorado de alguém. Enamorado é expressão de velho, eu sei. Mas é assim que eu me sinto, uma velinha jovem que acha que sabe alguma coisa sobre o assunto.

Bom, todas as canções mais bonitas de amor foram feitas por dois motivos: por se estar vivendo um grande amor ou por estar sofrendo terrivelmente a perca de um. E olha, isso é natural. Todas as histórias, poemas, frases, textos e palavras também são equivalentes a essa fórmula. Quando a gente ama alguém, aquela pessoa se torna incrivelmente o grande centro da terra, do universo, quem sabe. E a gente quase desmaia de ansiedade, sente febre e até fala tudo que não podia. Ou corre, e se tranca num quarto de si mesmo e não enfrenta aquele desejo tão secreto e sincero de se querer alguém.

Quando a gente ama, a gente sente saudade estando do lado da pessoa. Aprendemos a olhar a lua e uma estranha mania toma conta dos dias. Acordar e dormir sempre com o mesmo pensamento: o fulano ou a fulana.

Se você parar pra reparar, o amor parece um pensamento obsessivo, que toma conta da cabeça toda e nos enche de sensações e ações que são absurdamente opostas, às vezes. Quer um exemplo? Quem já odiou por um dia a pessoa amada sabe bem o que estou falando. Cativar um sentimento tão forte e verdadeiro também tem um lado difícil. Os contras do amor são proporcionais à todas as promessas, beijos, abraços e entrelinhas. Se você é amado demais, não demora pra você machucar demais. E se você ama demais, é quase impossível não se frustrar ou ficar magoado.

Amor é troca, acredite. Quando se ama, se espera, se adapta, se cala, se refaz ou faz poesia. Quando se ama, a gente aprende o quanto a tolerância é mais virtuosa que a paixão. Que os perdões e desculpas são necessários para manter sempre vivo o respeito e a consideração. Amor é ficar junto com o mundo todo contra. É apreciar mais a conversa do que o corpo. É enfrentar os moinhos de vento e os dias de tempestade. Amor é sorrir ao se unir e ter uma cadeira, um fogão, uma geladeira e uma cama e enfrentar todos os dias de trabalho com a vontade de ter uma família cheia de amor e conforto. Não é mesmo pai e mãe? Amor é construir junto os sonhos e destruir juntos os pesadelos. Amor é admirar no outro as suas qualidades mais puras e aprender a lidar com os defeitos mais intragáveis.

Viu? Namorar é ter o amor no seu estado mais latente de afeto e ternura. Por isso, muitos amores deixam de ser amores de vida toda, porque é no namoro que a gente entende se aquela pessoa vai segurar nossas mãos na velhice ou ninar nossos filhos. É no namoro que a gente sente se aquela pessoa é o encaixe do nosso peito. É no namoro que o amor descansa e dorme tranquilo no nosso espirito. Amor é sossego, é paz de sorrir e saber que alguém nesse exato momento está pensando em você, se preocupando se você já almoçou e se está bem agasalhado. Amor é troca, lembre-se disso.

O mais engraçado do amor é que ele é sempre uma lição. A gente repete um erro ou inventa um acerto, é sempre assim. Me baseio sobre o que é o amor através de outras formas que ele tem: meu pai na sua bicicleta barra forte andava doze quilômetros todos os dias pra me levar na escola e ele melava minha mamadeira escondido da minha mãe, me fazendo a criança mais feliz do mundo. Minha mãe me ensinou a ter humildade e isso doía muito às vezes.

Mas, hoje, eu vejo que isso é um dos meus maiores valores. Minha avó materna me deu a sabedoria de entender que o tempo é cruel e generoso e que a verdade e a palavra devem ser o grande tesouro de uma pessoa. Ela também me ensinou que devemos pensar mais na vida do que na morte e que os laços de carinho são eternos.

Entende que tudo isso é amor? A mãe de um grande amigo meu carregava ele numa bacia pra poder ir trabalhar e isso é uma das coisas que mais me comove. Quem ama dá um jeito, uma palavra, uma esperança, uma doação. E, é no namoro, que a gente tem a possibilidade de exercer todas essas lições de amor.

Não sei se acredito em destino ou em almas gêmeas. Quem sabe você só vai saber quem foi seu grande amor quando tiver balbuciando seus últimos pensamentos e pulsações. Honestamente, acredito que, se uma pessoa ama outra, um dia elas se encontram, elas acontecem, ou se reencontram como nas histórias.

O amor, na minha concepção romântica, não é algo descartável ou com prazo de validade. Amor não acaba, ele vira história, vira saudade, ele se reinventa pra sempre ser amor.

Esses dias ouvi um causo muito bom de um amigo. Ele dizia que a primeira vez que “sofreu de amor” foi com uns onze anos e que chorava e perguntava pra mãe dele: – “Porque dói tanto, mamãe?”. Fiquei pensando que, até quando nos tornamos adultos, a pergunta continua a mesma: por que o amor dói tanto? Me atrevo a responder que a vida dói e que, nem por isso, deve ser deixada de ser vivida.

Namorar é se apresentar de peito aberto pras possibilidades de encontrar um grande amor e de ter maturidade de não machucar de forma gratuita. Se tem uma coisa que eu posso dizer, é que a sinceridade é a maior e melhor forma de se expressar gratidão. Se não gosta mais, diga. Se gosta, diga também. Não esteja com uma pessoa desejando outra, não verbalize sentimentos que você não sente, não rabisque sonhos que você nunca quis sonhar e, principalmente, não permita que seu egoísmo seja maior que o seu coração.

Provavelmente você esteja pensando no seu amor e, então, eu peço, por gentileza, cultive ele.

Namorar e amar são passos do mesmo caminho. E tem namorados e amores de todas as formas. Tem amor que dança lambada pra receber e que faz balé pra esquecer. Tem amor que escreve e que apaga, e que escreve de novo. Até aprender que amar sempre vale a pena e que, por mais sensivelmente dolorido que seja, amar é uma das, senão a maior, alegria de um ser humano.
Quem ama, cuida.

  • Renata Boeira é formada em Jornalismo. Poetisa de ideias e escritora de sonhos.

“Todo amor que houver nessa vida”

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