15/06/2012 09h50 – Atualizado em 15/06/2012 09h50
Por Dom Redovino Rizzardo
Há alguns meses, alguém perguntou a uma moça de Dourados: «Por que você só vive de baladas e bebedeiras em todos os finais de semana?». A resposta foi tão rápida quanto provocadora: «Porque, até hoje, ninguém me ofereceu algo melhor!»
No dia 29 de abril, na cidade de Naviraí, uma adolescente de 16 anos se enforcou porque seu pai não lhe permitiu participar de uma festa. Na semana seguinte, os meios de comunicação informaram que o suicídio foi a principal causa de morte entre os jovens sul-coreanos em 2010, pelo terceiro ano consecutivo. Dos jovens que participaram da pesquisa, 8,8% confessou já ter pensado em dar fim à própria vida.
Diante destes fatos e de mil outros que, que todos os dias, falam de jovens que acabam vítimas ou autores de uma violência cada vez mais generalizada, perpetrada no trânsito, na escola, no trabalho, no esporte, nas festas e até em seus próprios lares – quando os têm! –, é inevitável perguntar-se: com quem estarão eles conectados?
Para a jovem de Dourados, até hoje ninguém conseguiu lhe oferecer algo mais atraente do que a bebida e as festas. É uma resposta que entristece e questiona a sociedade, a começar dos pais, educadores e Igrejas. Se viver é escolher e escolher é renunciar, ninguém consegue renunciar a nada se não recebe, em troca, algo melhor e superior. É o que já ensinava Santo Agostinho numa longa dissertação sobre o assunto. E concluía advertindo: «Ninguém faz bem o que faz contra a vontade, mesmo que seja bom o que faz».
Por isso, enquanto não se conseguir acolher e cativar os jovens com um “produto” que corresponda às suas necessidades mais profundas, eles continuarão buscando no mundo o que este não lhes pode oferecer. É o que reconhecia ainda Santo Agostinho, depois de ter caído, ele também, nos mesmos enganos e armadilhas: «O nosso coração foi feito para Deus, e ele anda inquieto e angustiado até não descansar em Deus». E é também o que lembra o Papa Bento XVI, numa mensagem dirigida recentemente aos jovens: «Não esqueçamos: construir a vida ignorando a Deus e a sua vontade só pode levar à desilusão, à tristeza, à derrota. A experiência do pecado – recusando sua amizade e abandonando seu caminho –, obscurece os nossos corações».
Quanto ao recrudescimento do suicídio entre os jovens, a razão parece ser sempre a mesma. Para o mundo, o que conta é “vencer”. Quem pode mais, chora menos! Se, para Jesus, «o Espírito é que dá a vida, a carne para nada serve» (Jo 6,63), para a sociedade atual o contrário é que vale: a única “vitória” é a fama, a riqueza, o prazer. A pureza e a gratuidade dos relacionamentos são substituídas pela competição e pela rivalidade. Destruir para não ser destruído. Os outros existem enquanto são úteis…
«Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la. Mas quem a perder por mim e pelo Evangelho, salvá-la-á. Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perde a si mesmo?» (Mc 8, 35-36). Pela insegurança e inferioridade que o acompanha, o ser humano se agarra perdidamente ao que nada resiste. Talvez pouco ou nada falte aos jovens da Coreia do Sul que tentam fugir das dificuldades – ou preencher o vazio existencial – no suicídio. Pelo que sei, o país asiático é um dos mais ricos do mundo.
A solução é manter-se conectados com Cristo: «Quem permanece em mim, produz muito fruto. Sem mim, nada podereis fazer. Permanecei no meu amor, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa» (Jo 15,5.9.11). Palavras que foram assim traduzidas pelo Papa Bento XVI na mensagem há pouco citada: «Cabe a vocês, jovens discípulos de Cristo, mostrar ao mundo que a fé leva a uma felicidade e a uma alegria verdadeira, plena e duradoura. E se o modo de viver dos cristãos parece, às vezes, cansativo e chato, sejam vocês os primeiros a testemunhar a alegria e a felicidade que a fé lhes oferece. O Evangelho é a “boa nova” que Deus nos ama e que cada um de nós é importante para ele. Eis o que vocês precisam demonstrar ao mundo!».
«No peito, eu levo uma cruz e, no coração, a Mãe de Jesus!». É o brado de alegria e de esperança dos jovens da Diocese de Dourados que, nestes dias, acolhem a Cruz Peregrina e o Ícone de Maria, preparando-se para participar, em 2013, da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro.