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terça-feira, 26 de novembro de 2024

Imprensa, Indigenismo e Conflito

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20/06/2012 15h29 – Atualizado em 20/06/2012 15h29

Por Valfrido M. Chaves / Psicanalista

Semana passada foi rica quanto ao papel da imprensa em informar e discutir questões relevantes da sociedade, tal como se viu na “Veja” e no “Correio do Estado” de quinta, 14 de junho. Com a reportagem “Adivinhe qual é a terra dos índios”, a revista pôs o dedo na ferida apontando para a decadência social das comunidades indígenas com terras ou sem terras e o triste papel do Cimi nos conflitos quando, juntamente com a Funai, pareceriam tentar encobrir o fracasso da política indigenista estatal e ongueira, quando fazem do fator “terra” a causa única da desagregação social indígena. E pior, parecem aliar-se para encobrir a responsabilidade do Império, da República, do Estado brasileiro e de governos na colonização e povoamento de nosso MS, tentando fazer dos colonizadores e proprietários, bodes expiatórios e inimigos das comunidades indígenas. Esse talvez seja um dos maiores crimes no contexto do “conflito indígena” onde, conforme “Veja”, ”o Cimi incita os índios a invadir terras para avançar em seu objetivo de criar a “nação Guarani” que seria independente do Estado brasileiro”. Outro aspecto relevante levantado por Veja é o de que “No processo de demarcação de terras , a Funai atua como se detivesse os três poderes: emite as instruções normativas como poder legislativo; demarca como poder executivo e, apesar de ser parte interessada, é a instância de recursos administrativos.”

As entidades citadas parece buscarem, através do conflito, segregar o índio, afastá-lo da sociedade em geral, apesar de, aqueles apoiados por fazendeiros no trabalho com a terra, progredirem econômica e socialmente. Quando se sabe haver uma ideologia baseada na idéia de que “o conflito é o motor da história”, os direcionamentos para o conflito, um aparente absurdo, tornam-se compreensíveis, caro leitor. Já a matéria do Correio “ MS lidera violência…” se propõe menos conclusiva ou opinativa, mas traz as estatísticas que expõe a desagregação social e familiar da população tutelada e manipulada. Mostra-nos que a taxa de homicídios nas comunidades segregadas é quatro vezes maior que a taxa nacional e, quase sempre vemos, essa mortandade entre os índios é repassada à mídia como “assassinato de índios” “que enfrentam uma verdadeira guerra contra o agronegócios”. Com esta maliciosa desinformação, os desavisados pensam em “capangas” , mortes encomendadas, e não na desagregação famíliar engendrada sob uma tutela incompetente, promotora consciente de ócio e ódios. Qualquer pessoa entende que, se índios e não índios se unissem para cobrar do Estado brasileiro uma solução que abrigasse à dignidade de ambas as comunidades “em conflito”, o problema há muito não existiria.

Entretanto, o impasse perverso se explica bem à luz do sublime mandamento marxista: “…destruir de todas as formas, todas as seguranças e todas as garantias da propriedade privada até aqui existentes”. É isso, leitor pensante, que mantém o indigenismo abusivo oficioso e religioso, financiado com recursos externo e oficial, com metástases suficientes para impedir que a questão “terra para índio” seja solucionada de modo justo para a sociedade como um todo, sem semeadura de conflitos e rancores. São os dividendos sonantes e ideológicos que impedem a solução, deixando um rescaldo em que mentir, manipular é uma honra, pois faz parte da “práxis” pela “marcha da História” pelo socialismo. É um padrão que se repete, caro leitor, alimentado pelo prazer, da parte dos militantes de uma causa onipotente, de se sentirem deuses, acima do bem e do mal.

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