27/01/2013 10h22 – Atualizado em 27/01/2013 10h22
Por R. Ney Magalhães
A Grande Fronteira, região que abrange municípios componentes do agronegócio nacional iniciou a colheita da Safra de Soja 2012/2013 sem muito alarde, sem lançamentos nem festejos.
Nos primeiros anos da implantação no MS dessa atividade agrícola/comercial que hoje equilibra a balança comercial do Brasil, a Empresa/Fazenda Itamarati recebia Presidentes da Republica para eventos dessa natureza. Nos dias atuais, o mais importante para os políticos governantes é a quantidade de eleitores manipuláveis com cestas básicas e outras benesses. E com isso vão se esgotando as Reservas financeiras poupadas anteriormente com o sacrifício de todos os brasileiros.
Os políticos, comerciantes e a sociedade urbana como um todo apenas assistem a movimentação mais intensa dos agricultores que acreditando em Deus e no seu poder sobre a natureza lançaram as sementes da esperança no solo, e agora aguardam uma colheita que pelo menos remunere o fruto dos investimentos e do sacrifício e suor derramados nesses tratos culturais.
Nossas cidades deste Sul do MS, salvo raras exceções como Maracaju, por exemplo, não dispõem de anel ou contornos rodoviários e assim o aumento da circulação de veículos de trabalho, tratores, colhedeiras e principalmente caminhões muitas vezes trazem transtornos, irritando aos cidadãos alheios ao meio rural.
Acredito que assim também nós os produtores rurais temos o direito de levantar a voz e exigir respeito dos Políticos que estão no Poder. Afinal, as riquezas geradas no Campo são as maiores fontes de Renda deste Estado.
As estradas Estaduais identificadas como Rodovias MS, vergonhosamente são chamadas pelos usuários, de enxurradas estaduais, provocadoras de erosões e assoreamento de vertentes, cabeceiras e cursos de água. Para o tráfego e transporte de cargas são apenas carroçáveis.
Em todos os Estados Brasileiros, menos no MS, existe um Órgão responsável direto para gerir esse importante setor.
O DERSUL, antigo Departamento de construção e conservação das estradas estaduais foi extinto em um Governo do Zeca do PT, e a Agência criada para substituí-lo, na primeira semana do primeiro mandato de Pucinelli teve seu fundamento alterado quando suas atribuições e obrigações foram terceirizadas.
A maior parte das rodovias aqui existentes foi construída nos primeiros tempos da criação do MS, e lá já se vão quase quarenta anos. Terceirização comprovadamente é um método que não pode ser aplicado em conservação e manutenção de estradas não pavimentadas. Os aterros encascalhados ou empedrados foram mal patrolados e a maioria delas perdeu altura e transformando-se em erosões criminosas contra a natureza, sendo agora precariamente transitáveis.
Nessas considerações, como agravante podemos citar a bitributação cobrada com a finalidade única da manutenção dessas rodovias, o FUNDERSUL, um fundo pago pelos produtos primários, e que sai do suor e sacrifício dos produtores de alimentos cujos veículos já pagam também o IPVA. Governantes incompetentes ou relapsos.
Com o Ramal Ferroviário desativado no Governo FHC e sucateado nos anos de Lula, a comercialização dos grãos produzidos por aqui depende exclusivamente da Rodovia Guairá Porã, construída em 1980 por Pedrossian e hoje totalmente deteriorada.
Safra, produção e colheita de grãos têm tudo a ver com estradas e escoamento para comercialização, e com a falta dessa infra-estrutura básica os custos aumentam e os produtores são prejudicados.
O inicio de colheita vem apresentando índices de baixa produtividade, notadamente nas variedades precoces, e assim pouco ou quase nada deveria mesmo ser comemorado.
O autor é produtor Rural em Amambaí. 77 anos, fundador da Famasul / [email protected]