23/03/2013 23h11 – Atualizado em 23/03/2013 23h11
Por José Carlos de oliveira Robaldo
Notícia da internet: “Cansado de ver o Brasil nadando em corrupção, um professor universitário de São Paulo desistiu da vida e de lecionar, reuniu os alunos e levou todos para o bar”, sob a justificativa de que “o Brasil não tem mais jeito”.
De fato, as manchetes dos veículos de comunicação (jornal, televisão, internet) vivem repletas de notícias de fraudes, corrupção, promessas eleitorais não cumpridas, má gestão, desmandos etc. Entretanto, não se deve levantar “bandeira branca”, isto é, desistir. Pois, como diria o filósofo, “enquanto há vida, há esperança”. Há luz no fim do túnel. A utopia faz bem!
A propósito, a mídia do começo desta semana está recheada de más notícias relacionadas com suspeita de fraudes envolvendo o Hospital do Câncer de Campo Grande-MS e o Hospital Universitário, duas referências de saúde do nosso Estado. Não bastassem as notícias do retorno das enchentes da região serrana do Estado do Rio de Janeiro, com centenas de desabrigados e mortes, inclusive.
Ao lado dessas lamentáveis notícias, ainda fomos “presenteados” com a notícia de que o Ministério de Educação (MEC) não se incomodou nem um pouco com os erros grosseiros de português verificados na redação da última prova do Enem, tais como “trousse, enchergar, rasoavel”. E nem mesmo em relação ao aluno que recheou a dissertação “Movimento migratório para o Brasil no século 21” com a receita de miojo e ainda tira nota superior a 50% do total da prova. Segundo o MEC, “o aluno não fugiu do tema…”. Tanto é verdade que o MEC não se incomodou com os erros ortográficos que atribui nota máxima aos alunos que cometeram esses erros (jornal O globo, do dia 18.3). Mas nem por isso devemos desistir. O Brasil tem jeito, desde que não nos esqueçamos de que a má qualidade da educação pode também contribuir para a corrupção, fraude etc.
A imprensa noticiou que o Hospital do Câncer de Campo Grande, para fraudar o Sistema Único de Saúde (SUS), fez tratamento até mesmo de pacientes mortos, o que, se verdadeiro, é muito grave. O desvio e a má gestão dos recursos financeiros destinados à saúde é que são os grandes responsáveis pela precariedade na prestação desses serviços. Diante dessas notícias, fica fácil entender as principais causas dos absurdos que acontecem na rede pública de saúde, tais como pacientes aguardando atendimento (quando o tem!) em macas nos corredores dos postos de saúde, dos hospitais, por horas e horas, quando não por vários dias e, até mesmo, quando não morrem por falta de atendimento médico. Fazer uma consulta ou um exame laboratorial para o “cliente” do SUS é um sacrifício, uma verdadeira penitência. É, sem dúvida, uma verdadeira afronta à dignidade da pessoa. E isso não tem jeito? É claro que tem: começa pela educação de boa qualidade e termina com punição exemplar dos seus responsáveis.
Em relação às catástrofes decorrentes das enchentes, que ocorrem anualmente, por exemplo, nas cidades serranas do Rio de Janeiro e na Xerém de Zeca Pagodinho, noticia-se que recursos financeiros vêem em quantidade suficiente para prevenir essas tragédias. Entretanto, desaparecem sem a sua destinação, provavelmente por conta do vírus da corrupção, da fraude etc. Mas, nem por isso devemos desistir e nem perder a esperança!
Um outro vírus terrível, que não deixa de ser uma grande fraude, são as promessas de alguns candidatos (e que não são poucos) a cargos eletivos que, uma vez eleitos, esquecem por completo de executá-las, na maioria das vezes, sob o argumento de que o orçamento não permite, muitas vezes procurando justificar que receberam a “máquina administrativa sucateada”. A artimanha é apenas para conquistar o voto do eleitor. Na campanha, nos debates, o candidato se apresenta como um grande e competente administrador. Mas depois… Trata-se, sem dúvida, de uma grande fraude eleitoral com consequências terríveis à população, às cidades, aos Estados e, até mesmo, ao País.
Isso tem jeito. As polícias, os Ministérios Públicos, os Tribunais de Contas e os Judiciários estão de plantão. Entretanto, a maior e mais eficaz arma está com o eleitor. Enquanto há vida, há esperança!
O autor é Procurador de Justiça aposentado. Advogado. Mestre em Direito Penal pela Universidade Estadual Paulista-UNESP. Professor universitário. Professor da Esmagis. Representante do sistema de ensino telepresencial LFG, em Mato Grosso do Sul. E-mail [email protected]