23/03/2013 23h57 – Atualizado em 23/03/2013 23h57
Por Valfrido Silva
Por mais que disfarce e tente embaralhar o jogo de sua sucessão e, como quem fala demais acaba dando bom dia a cavalo, o governador André Puccinelli vai, aos poucos, dando pistas de quem é candidato que pode fazer acelerar aquele simpático coraçãozinho que adotou como símbolo de sua vitoriosa trajetória política. Foi assim na relação de nomes que rendeu recente matéria a respeito do assunto no Correio do Estado. Pela ordem, dizendo que “destes não sai”, citou Reinaldo Azambuja, Simone Tebet, Delcídio do Amaral e Nelsinho Trad.
Como de bobo Puccinelli não tem nada, não bastasse a questão do politicamente correto, pelo mínimo de cuidado no trato de um tema tão relevante ele deveria ter obedecido a ordem alfabética – Delcídio, Nelsinho, Reinaldo e Simone. Deve ter analisado o risco de colocar o petista em primeiro plano muito menos pelas evidências da conjuntura partidária nacional que apontam para isso do que pela crescente desconfiança de que este é o seu desejo, senão pelo pulsar do coração, pelo pragmatismo exigido de quem tem a responsabilidade de guardar o segredo do cofre da campanha. Nesta ordem, como Delcídio está posto como o grande adversário, não como iminente aliado, Nelsinho estaria no lugar que sempre sonhou, neste cenário, com o azarão Azambuja correndo por fora, vindo como última opção a carta na manga para o caso de um impasse – a vice Simone.
Em que pese a ambiguidade da frase – “destes não sai” (um destes seria o futuro governador) – ao tentar despistar com uma relação aleatória de nomes Puccinelli pode ter sido traído pelo subconsciente, já que Reinaldo Azambuja, o primeiro por ele citado, além de azarão, e, como filho pródigo, ainda não foi descartado como aliado, para qualquer outra missão, com Simone Tebet assumindo o lugar a ela destinado, pelo menos no coração do governador, e Delcídio, que seja pelas conjecturas partidárias, como segunda opção. Onde está o Trad Filho?
Nenhuma surpresa para o ex-prefeito da capital. Em 2004, para a prefeitura, já era Edson Girotto e não Nelsinho o candidato do coração de André Puccinelli. Além de imposto à época pelo grupo Correio do Estado, uma vez no grande trampolim para o salto ao Parque dos Poderes o que fez o pupilo de Antonio João Hugo Rodrigues? Em vez de administrar a capital com os olhos voltados para o interior, preferiu ficar oito anos pedalando pela Afonso Pena, enquanto Delcídio do Amaral, aproveitando-se da mordomia dos jatinhos da ponte aérea Brasília-Floripa, sempre fazendo uma conexão nas tardes-noites de sextas-feiras e manhãs de sábado para qualquer biboca, mesmo que apenas para entregar um simples tratorzinho para a agricultura familiar ao lado do parceiro João Grandão.
Como desgraça pouca é bobagem, numa das raras incursões ao interior, com todo seu séquito (vereadores, inclusive) Nelsinho Trad baixou em Dourados para tentar alavancar a candidatura de Murilo Zauith ao Senado. E, para confirmar sua força e boas intenções garantiu, na capital, a vitória de Zauith sobre Moka, o candidato do coração de Puccinelli ao Senado. Pode ser que aí tenha selado definitivamente sua sorte. E o Bernal? Será, que também tem alguma coisa a ver com tudo isso?