01/04/2013 14h53 – Atualizado em 01/04/2013 14h53
Por Cláudio Souza
Os casos não são raros. Durante todo o ano passado, pelo menos uma dúzia de bandidos foram mortos em confronto com policiais militares em todo Mato Grosso do Sul. Recentemente, um marginal acabou em estado grave após enfrentar a PM em Campo Grande. Os números, no entanto, não traduzem um aumento da letalidade ou da intolerância por parte dos policiais, mas, sim, da ousadia e do sentimento de impunidade desses marginais.
A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul é, de fato, uma das mais bem preparadas do Brasil. Até bem pouco tempo atrás, bandido algum ousava enfrentá-la. Recentemente, principalmente a mando de detentos – nosso Estado não tem capacidade para vetar e entrada de aparelhos celulares nos presídios -, esses marginais passaram a reagir, obrigando o policial a dar uma resposta imediata e proporcional à agressão sofrida.
Em 2012, parte dos marginais mortos em confrontos com a Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais) agiam sob ordem de presidiários. Em alguns casos, o objetivo era roubar caminhões para levá-los até o Paraguai ou Bolívia, onde seriam trocados por droga. Os motoristas foram torturados e mantidos reféns. Graças à ação rápida dos policiais, os crimes foram frustrados.
Nenhum policial, seja militar, civil ou federal, sai para o trabalho com a intenção de matar uma pessoa. A falta de uma estrutura adequada para a realização do policiamento, os baixos salários dos praças, a falta de instrução e treinamento para a classe, somados a falta de fardamento, promoções e de acesso a mais viaturas, armas e equipamentos, não diminuem a coragem dos policiais militares de Mato Grosso do Sul.
Por enfrentarem tantas dificuldades, eles constituem, de fato, uma das mais bem preparadas polícias do Brasil. Bandido que ousa enfrentá-la em confronto é morto em nome da sociedade.
Na contramão de todo esse esforço, algumas entidades e instituições insistem em atingi-lo. Quando um policial mata um bandido durante confronto, parte da imprensa e órgãos de defesa dos direitos humanos cobram explicações sobre a ação. Ainda questionam o trabalho policial, afirmando que ações dessa natureza colocam em risco a sociedade. Querendo defender os criminosos, usam o argumento de que as ações policiais que levam a óbito alguns marginais são violentas e desnecessárias.
Por outro lado, podemos elencar uma série de fatores que, de maneira direta, culminaram na morte desses bandidos: o aumento da população, da miséria, a falta de presídios, de políticas públicas para inserção dos jovens no mercado de trabalho e a falta de um ensino público de qualidade. Tudo isso é fruto da incompetência do Estado, incapaz de administrar o bem público e proporcionar oportunidades para a população. Diante disso, a culpa é toda do policial que se defendeu ao ser agredido?
Apesar disso, mesmo com a imprensa e as comissões massacrando nossos policiais, a sociedade apoia a corporação. A população, cansada de violência e de ficar presa em casa, enquanto os bandidos seguem soltos nas ruas, endossam e aprovam as ações repressivas da Polícia Militar. Não quero, em hipótese alguma, incentivar esse tipo de prática ou afirmar que ‘bandido bom é bandido morto’. No entanto, vou até às últimas consequências para defender o policial militar injustamente atacado. A integridade física do PM deve estar acima da criminalidade.
Nesse momento, cabos e soldados agonizam devido aos baixos salários. É hora de a sociedade sair em defesa da polícia que tanto a defende, exigindo que o governo do Estado conceda um reajuste de acordo com a reivindicação da classe. Assim, nossos policiais ficarão ainda mais estimulados e defenderão com mais garra a sociedade de Mato Grosso do Sul.
Cláudio Souza, jornalista e vice-presidente da Associação dos Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar de Mato Grosso do Sul