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terça-feira, 26 de novembro de 2024

Tacurú – A Próxima Vitima

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01/04/2013 16h51 – Atualizado em 01/04/2013 16h51

Por R. Ney Magalhães

TACURÚ – Um próspero e emergente Município com áreas de terras férteis situado ao oeste do cone-sul do MS é no momento uma das vitimas da insensatez política que tomou conta do Brasil.

Com fronteiras territoriais ao lado do Paraguay, após a instituição das Bolsas e outros benefícios oferecidos aos indígenas brasileiros ali residentes, nos últimos anos têm recebido milhares de novos silvícolas daquele País vizinho atraídos por essas benesses.
Segundo declarações públicas da Presidente do Sindicato Rural local, são índios que chegam do Paraguay, Peru e Chile.

Esses benefícios alcançados aos Guaranis brasileiros foram iniciados no Governo de FHC e melhorados nos governos seguintes. Ações que devem ser aplaudidas.
O grande erro governamental, no entanto, foi deixar de dotar aquelas populações que desbravaram e colonizaram o extremo sul do MS, com Escolas fundamentais e profissionalizantes tanto para índios como para não índios.

Após a derrubada das matas e extração das madeiras, operações necessárias para a verdadeira ocupação da Terra possibilitando a produção de alimentos e gerando emprego e renda, os nordestinos e seus descendentes que aliados aos nativos executaram aqueles serviços, ficaram abandonados à própria sorte. Sem habilidade profissional para outras ocupações transformaram-se em SEM TERRA e ou em Indígenas desaldeados, sem matas, sem caça e pesca e sem futuro.

Faltaram as Escolas Técnicas Profissionalizantes. Os Governos falharam.
Iguatemi – Aral Moreira – Coronel Sapucaia – Amambaí e outros municípios do sul do MS vivem a dramática expectativa da desapropriação das terras titulados pelo próprio Governo.

O fato é concreto e real, as Portarias governamentais foram publicadas no Diário Oficial e os profissionais nomeados já estão qualificados para iniciarem os estudos que vão resultar na expulsão das famílias de produtores rurais que ali residem desde o inicio do século passado.

E no Congresso não se ouve nenhuma vóz a contradizer esse desrespeito à Constituição Brasileira.

O Executivo é ditador e soberano. Enquanto o Congresso é passivo e inconseqüente.
Ressalve-se no MS apenas o Governador, nesse caso, a única autoridade manifesta e sensata na defesa do Estado de Direito.

No município de Iguatemi 41.500 hectáres de terras já foram demarcadas e delas serão expulsos os legítimos proprietários que com Escrituras registradas e cadeia dominial cartorial provam a legitimidade da posse. Rasgou-se a Carta Magna.

Um atentado à Democracia que deve merecer a atenção da Suprema Corte Brasileira.
Historiando as terras contestadas.
O Presidente Getulio Dornelles Vargas-PTB e os primeiros deputados daquela região Balthazar Saldanha-UDN, Adjalmo Saldanha-UDN, Licyo Borralho-PTB e Weimar Gonçalves Torres PTB-PSD e por ultimo o Senador Rachid Derzi foram instrumentos do progresso quando incentivaram os colonos paulistas e nordestinos a adquirirem e trabalharem aquelas terras virgens.

Naquele final dos anos de 1930 além de Amambaí existia apenas o povoado de Iguatemi, e Tacuru era apenas uma Fazenda com poucos moradores, entre eles a família Brum. O Porto Marumbí era um reduto dos Vargas Batista. O restante eram matas virgens de perobas e palmitais que avançavam Paraguay adentro.

No final de 1958, como fiscal terceirizado da Carteira Agrícola do Banco do Brasil vistoriei ali, propriedades rurais elaborando projetos de financiamento para derrubada de matas e formação de pastagens e lavouras. A documentação era legal e o Banco Central do Brasil dava anuência ao BB para recebê-las em garantia hipotecaria.
Oscar Zandavale assim criou Eldorado. O nordestino meu amigo Caseiro ali criou raízes na zona do Barro Preto. Paulistas de Presidente Prudente e de Araçatuba abriram as matas de Tacuru. Meu amigo Fioravante Vendramini deu vida a Colônia Botelho, com meeiros de café e lavouras brancas. E tudo isso acontecia com o espírito de brasilidade desses colonizadores que atendiam aos apelos governamentais.

O Banco do Brasil alavancou o progresso. O governo atual incentiva o contrário.
Com a palavra o Supremo Tribunal Federal – Guardião da Constituição.

R. Ney Magalhães, 77, é produtor rural em Amambaí e fundador da Famasul e foi delegado federal da Agricultura no MS.

R. Ney Magalhães

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