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sábado, 5 de outubro de 2024

Cabral: “Quem ganha com a desordem?”

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21/06/2013 16h23 – Atualizado em 21/06/2013 16h23

Fonte: Brasil 247 com Agência Brasil

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, questionou nesta sexta-feira (21) “quem ganha com a desordem?” no Estado, cuja capital viveu mais uma noite de baderna ontem após manifestações por melhor transporte público e contra a corrupção. “Quer debater a mídia, as redes sociais, a reforma política. Debata democraticamente, e não botando fogo no carro ou atirando pedra no prédio”, disse o governador durante entrevista coletiva.

“Não estou aqui protegendo a polícia. Aqueles que cometem excessos devem ser punidos, de ambos os lados”, afirmou Cabral, que disse não se ver como o principal alvo das manifestações do Rio de Janeiro, lembrando que foi reeleito com 67% dos votos. “Temos condições de garantir os eventos e que as manifetações democráticas sejam realizadas dentro do marco civilizatório. Os atos de vandalismo devem ser rejeitados por todos. As manifestações não condizem com o momento que o Brasil vive”, disse o governador.

O governador destacou que o Rio de Janeiro e o Brasil vêm assistindo a manifestações de jovens, realizadas de forma pacífica e pedindo mudanças. “Cabe a nós, homens públicos, ouvir, debater e discutir democraticamente. Infelizmente, uma minoria de vândalos prejudica o debate natural e positivo no ambiente de democracia que o Brasil alcançou com muita luta, com muito sacrifício, principalmente a partir de 1988.”

Sérgio Cabral disse que o debate sobre questões como educação, saúde, corrupção e impunidade, além da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37 é sempre louvável, mas que ressaltou que as manifestações atuais têm sido “ofuscadas por atos de vandalismo, que não devem ser tolerados”.

A entrevista coletiva convocada pelo governador durou menos de 20 minutos, e ele não respondeu a questões sobre a ação violenta da polícia na região da Lapa, onde não ocorreram atos de vandalismo. Cabral também não respondeu por que a polícia dispersou a manifestação na região da prefeitura com bombas de gás lacrimogênio e tiros de bala de borracha antes de qualquer grupo de manifestantes mais exaltados tentar alguma ação contra prédios públicos ou privados.

Feridos

O prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes, divulgou hoje um balanço de prejuízos após o confronto da noite de ontem (20) no centro da cidade, entre a polícia e manifestantes. Para ele, esse grupo é uma minoria que precisa ser diferenciada da população que se manifestou de forma pacífica. Mais de 300 mil pessoas protestaram por diversos motivos na Avenida Presidente Vargas. Uma pequena parte depredou equipamentos públicos e prédios privados em diversos pontos do centro. O número de feridos atendidos no Hospital Souza Aguiar chegou a 62. Três pessoas permanecem internadas, nenhuma em estado grave.

“A cidade do Rio de Janeiro, ao longo de sua história, teve um papel fundamental em diversos momentos históricos do Brasil, e isso se deu com manifestações democráticas, como nas Diretas Já. Não tenho dúvidas de que a maior parte buscava garantir essa tradição da cidade, mas grupos que são minoria acabaram marcando de maneira negativa o movimento”, avaliou Paes.

Segundo a prefeitura, entre os 62 feridos estão oito guardas municipais agredidos quando manifestantes tentaram invadir a Unidade de Ordem Pública localizada no centro. O Terreirão do Samba foi “completamente depredado”, de acordo com o prefeito, e o Sambódromo teve prejuízos nos setores 1 e 3. A prefeitura informou ou que foram destruídos 98 semáforos, 31 placas de trânsito, 62 abrigos de ônibus, cinco relógios, 46 placas de identificação de ruas, sete carros particulares dos guardas e 340 lixeiras. Prejuízos em prédios comerciais que foram danificados ainda estão sendo contabilizados, assim como o valor das perdas em dinheiro.

Paes disse que a prefeitura “vai continuar trabalhando para garantir o direito da população de se manifestar de forma democrática”. “O que não se pode admitir, e eu tenho a certeza de que essa é a opinião de 99% das pessoas que estavam lá, são esses atos de vandalismo.”

Diante do aumento do número de protestos convocados na cidade, com manifestações nas zonas oeste e zona norte, Paes deu a mesma resposta, afirmando que o papel da prefeitura é garantir que a população se manifeste democraticamente.

Confrontos

Depois de sofrer com atos de vandalismo durante a manifestação da noite de ontem, o centro da cidade amanheceu com muitos postes, relógios, pontos de ônibus e semáforos destruídos. Fachadas de estabelecimentos comerciais, prédios públicos e agências bancárias também foram alvo de grupos mais exaltados de manifestantes. Uma cabine da Polícia Militar (PM) foi queimada na altura da Central do Brasil, mas os destroços já foram retirados da pista.

Funcionários da prefeitura trabalham, desde o início da madrugada de hoje, na reconstrução dos equipamentos danificados e na limpeza das vias públicas. Segundo eles, os maiores problemas são os sinais de trânsito e radares da Avenida Presidente Vargas, que foram completamente destruídos. O tráfego na avenida só foi totalmente liberado às 5h, mas ainda há problemas na sinalização, o que atrapalha o trânsito na região.

No Terreirão do Samba, ponto tradicional de encontro durante o carnaval e onde os torcedores estão se reunindo para acompanhar as partidas da Copa das Confederações, funcionários faziam a limpeza do local, que foi invadido na noite passada. Os manifestantes derrubaram grades e destruíram estandes de patrocinadores, além de danificar uma parte do palco principal. Também houve pichações, com frases agressivas sobre a realização do evento esportivo.

O flanelinha Igor da Silva, que trabalha e mora em um estacionamento localizado ao lado do Terreirão do Samba, contou que ele e um companheiro enfrentaram os manifestantes e que, se não fosse por eles, o local teria sido completamente destruído.

“Mais de 100 pessoas invadiram o terreirão e o estacionamento. Queriam quebrar tudo. Eles tinham paus, pedras e estavam dispostos a destruir tudo que viam pela frente. Nós tentamos, na medida do possível, enfrentá-los, e impedir que eles destruíssem toda a área. Foi coisa de louco mesmo”, disse Igor.

Sem se identificar, um comerciante que trabalha no entorno da prefeitura relatou os momentos de tensão que ele e a filha viveram durante os atos de violência ocorridos na manifestação de ontem. Ele disse que se trancou na loja enquanto um grupo batia na porta.

“Estava com a minha filha, que geralmente me ajuda no fechamento do caixa. Foi horrível. Tivemos que colocar entulhos de obra na frente da porta para impedir que esses bandidos entrassem. Fiquei apavorado. Imagina se esses caras entram aqui. Eles iam nos matar”, lembrou o comerciante.

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