21/07/2013 18h44 – Atualizado em 21/07/2013 18h44
Por R. Ney Magalhães
Quando o Congresso Nacional do país vizinho o Paraguay, ouvindo as vozes das ruas, cumprindo e obedecendo a Constituição Nacional resolveu destituir o Presidente Lugo do poder, os governos dos países deste cone sul da America alinhados na esquerda de ideologia ultrapassada e de atos escusos, alegando ter sido aquela uma ação antidemocrática, excluíram-no temporariamente do bloco.
A real finalidade em afastar temporariamente o Paraguay um dos fundadores do bloco comercial, sabe-se que foi engendrada politicamente com a finalidade de punir e fazer calar o Congresso e o povo desse País membro, sempre contrários à inclusão da Venezuela como parceira.
Sem o veto do Paraguay a Venezuela foi assim incluída no MERCOSUL.
Todos os envolvidos conhecem sobejamente esses fatos, inclusive os motivos da não aceitação desse país das FARC, cuja força política paralela foi infiltrada no Paraguay por ocasião da eleição do presidente Bispo Lugo.
A mídia do país vizinho sempre denunciou o poderio econômico desse grupo guerrilheiro nas ações dos campesinos sem terra, com invasões e assassinatos.
Tomada de propriedades particulares por grupos armados, expulsando quem trabalhava na terra e trazendo a intranqüilidade aos lares rurais e à economia do agronegócio aconteciam diariamente, motivando passeatas populares e o clamor das ruas contra o Executivo passivo e conivente com tais atos de vandalismo.
Aconteceu então um combate com muitas mortes contra as forças policiais paraguayas, sem a devida reação governamental comprovando a ingovernabilidade. Essa foi a gota d’agua que motivou o impedimento do Presidente, com a posse imediata do Vice Federico, que deu continuidade tranqüila ao mandato, e ao mesmo tempo confirmando a realização das eleições previstas nas quais ele foi também candidato à reeleição.
O “impeachment” de Lugo foi recebido pelo povo paraguayo como legal e necessário, sem que nenhum segmento importante da Imprensa levantasse uma voz contraria.
No entanto, a indevida exclusão temporária e o afastamento do Paraguay do Bloco, por decisão do Uruguay, Brasil e Argentina causou enorme revolta no seio da comunidade guarani. E tenho a certeza de que essa reação teve forte influência no resultado da eleição do novo Presidente Horacio Cartes.
Desde o afastamento do Mercosul, um ato autoritário e antidemocrático sofrido pelo Paraguay, ao contrario do que se esperava, temos assistido o aumento do PIB e o crescimento econômico que vem acontecendo no país vizinho, sem que nenhuma ação negativa comercial e pratica tenha acontecido, mesmo nestas fronteiras.
Comprovadamente esse indelicado e insultuoso ato político praticado pelo Brasil contra o parceiro Paraguay apenas confirma a fragilidade do atual governo Brasileiro no comando das decisões internacionais. Mais uma palhaçada e trapalhada do Ministerio de Relações Exteriores, costumeiramente criticado nos editoriais dos grandes jornais brasileiros.
A soberania do Paraguay foi desrespeitada, e deve deixar graves seqüelas entre a diplomacia dos Países envolvidos.
Fechando as janelas do exterior e observando o quadro interno brasileiro, quando nos últimos tempos atropelando a Constituição, o direito de propriedade vem sendo desrespeitado nas questões fundiárias indígenas, com ingerência de órgão governamental e segmentos da igreja católica, o panorama do Brasil apresenta semelhanças mais graves do que o Paraguay da Era Lugo.
Esse quadro é agravado com o desgoverno nas ações básicas de atendimento à Saúde, Educação, Segurança e desrespeito moral e financeiro na mobilidade urbana, aliadas às denuncias de corrupção por parte de políticos governantes. Nunca se viu tamanho desrespeito ao povo e à Constituição.
Também jamais havia acontecido tão numerosa e eloquente manifestação das Ruas.
O povo acordou, falta agora o Congresso Brasileiro honrar e respeitar os votos recebidos, agindo com a severidade exemplar demonstrada pelo Parlamento do país vizinho.
O autor é Produtor Rural / [email protected]