01/09/2014 16h07 – Atualizado em 01/09/2014 16h07
Por Douglas Menezes de Oliveira
O Hino Nacional do Brasil é reproduzido em diversos eventos, assim como: congressos, cerimoniais, palestras, nas escolas, denominações religiosas, instituições políticas e campeonatos de futebol em prol do respeito à pátria.
Como podemos analisar o Hino Nacional do Brasil com os olhos de um Cientista Social? Analisando o processo histórico com um olhar heroicizado? Uma ótica romanceada? Ou necessitamos elaborar uma análise crítica a partir da semiótica, ou seja, da linguagem conforme sua origem? Porquanto necessitamos estar respaldado de um cabedal teórico e ao menos compreender o significado de suas palavras complexas que não estão presente no vocabulário popular da nossa nação.
Entretanto na historiografia do Brasil, poucas vezes é lembrado ou passa despercebido pelos brasileiros, por suas palavras complexas e significados simbólicos incompreensíveis. Que por sua vez, o hino deveria ser um instrumento patriótico, e todos poderiam compreender o seu significado e acaba sendo uma linguagem de forma precária, pelos filhos de sua pátria.
Podemos considerar que o Hino Nacional do Brasil registra um processo histórico heroicizado da colônia portuguesa, ou seja, não existe registro algum da resistência dos povos da diáspora africana e os povos indígenas que já estava aqui no momento em que a coroa portuguesa se instalou no Brasil entre (1530 – 1822).
Assim como os povos negros e os indígenas, o branco de classe inferior também não está inserido na letra do hino nacional, já que o mesmo está enaltecendo o “eurocentrismo”, ou seja, o grande continente Europeu, uma vez que os próprios filhos da pátria estão excluso, e apenas a classe dominante está exposto como o povo heroico, como podemos analisar neste trecho: “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas, de um povo heróico o brado retumbante”.
Porém fica evidente o grito do Ipiranga que foi exposto por D. Pedro I em uma viagem de retorno da cidade de Santos, as margens do Rio Ipiranga. O trecho nos remete a uma ideia de um povo que lutou e esteve envolvido diretamente no processo de emancipação do Brasil.
Neste sentido o sociólogo e revolucionário Karl Marx ressalta que desde o princípio da humanidade, sempre houve uma classe que domina e uma que se submete a ela. Numa frase do hino diz que: “Se o penhor desta igualdade, conseguimos conquistar com braço forte”, conforme o trecho elencado acima, fica claro a reverência de igualdade, que podemos observar que a desigualdade social e econômica no Brasil é uma problemática anacrônica e de raízes históricas profundas.
A visão de superioridade portuguesa foi construída e reproduzida ao longo do processo histórico, devido a resquícios deixados na construção de nossa Identidade nacional. Em suma, nós cientistas sociais que atemos o conhecimento teórico da história do Brasil, devemos nos atrelar com um olhar crítico no que está encobertos no processo histórico de nosso país e não se encantar com letras romantizadas que nem ao menos entendemos o significado.
Referências Bibliográficas
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & Senzala: Formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal, Rio de Janeiro: Record, 2001.
MARX, Karl; Engels, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. Disponível em: http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/manifestocomunista.pdf. Acesso em: 10 junho de 2014.
REIS, José Carlos. “Anos 1930: Gilberto Freyre – O Reelogio da Colonização Portuguesa”. In: As identidade do Brasil 1. Rio de janeiro: Editora Fundação Getúlio Vargas, 1999.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. CAMPOS, Pedro Moacir. As etapas dos descobrimentos portugueses. In: HOLANDA, Sérgio Buarque de (Org.). História Geral da Civilização Brasileira. 7 ed. São Paulo: DIFEL,1985.
Douglas Menezes de Oliveira é acadêmico do curso de Ciências Sociais – UEMS/Amambai.