07/01/2015 13h20 – Atualizado em 07/01/2015 13h20
Lava Jato ajuda mais Dilma do que atrapalha
Por Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania
A se confirmar reportagem da Folha de São Paulo que afirma que o deputado pelo PMDB fluminense Eduardo Cunha, supostamente “favorito” para presidir a Câmara dos Deputados no início da próxima Legislatura, está entre os citados na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, poder-se-á concluir que, antes arma política anti-PT, essa Operação pode melhorar o Brasil.
A Folha diz que “De acordo com os investigadores que atuam no caso, ele [Cunha] é suspeito de ter recebido dinheiro do esquema [de corrupção] por meio do policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o ‘Careca’, que atuaria como um dos funcionários do doleiro Alberto Yousseff”.
Não se sabe, ainda, a quantidade exata de políticos citados nas investigações, mas já se sabe que há nomes ligados ao governo e à oposição. Fala-se em até uma centena de parlamentares de TODOS os partidos, talvez com exceção do PSOL, que não governa nada e não tem qualquer peso político.
No caso de Cunha, a se confirmar essa denúncia ela atingirá muito mais a oposição do que o governo, já que o parlamentar de um dos partidos da base aliada atua em consonância com a oposição e é sua grande esperança para impedir Dilma de governar, caso se eleja presidente da Câmara.
Mas já se sabe que nomes graúdos da oposição devem aparecer na lista que o Procurador Geral da República deve divulgar no mês que vem, no reinício dos trabalhos legislativos e com o retorno do Supremo às atividades.
Cunha, por exemplo, se for denunciado e eventualmente cassado contribuirá para grande melhora do Legislativo. É o grande despachante, na Câmara, dos lobistas de grandes conglomerados econômicos. Tentou acabar com a internet no Brasil durante a votação do Marco Civil na internet, em prol dos interesses econômicos das empresas provedoras de serviços.
Apesar dos problemas para a economia que a Lava Jato pode gerar, pois as empresas envolvidas têm muito peso econômico e a forte redução ou paralisação de suas atividades por certo contribuirá para esfriar ainda mais a economia em um momento em que ela precisa crescer, se não fosse essa investigação picaretas envolvidos com Yousseff e companhia continuariam roubando o país e chantageando o governo, como faz Cunha.
Além disso, a revelação dos nomes dos envolvidos servirá para desmascarar a oposição ao governo Dilma, que tenta vender ao país a teoria absurda de que só existe corrupção entre os governistas federais, apesar de que os oposicionistas federais são governo nos Estados e municípios, onde vicejam tantos casos de corrupção quanto na esfera federal.
Ironicamente, portanto, a aposta da mídia e da oposição em que a Operação Lava Jato seria ruim para o PT e o governo federal pode – e deve – sair pela culatra, pois essa operação deve atingir gente como Cunha, que atrapalha muito a governabilidade do país apesar de se abrigar em uma sigla governista.
Eis por que tanto Dilma quanto Lula, à diferença de seus antecessores, nunca impediram investigações de corrupção, mesmo quando atingem seus aliados e até correligionários de partido. Quando se limpa uma casa a fundo, há que bagunçá-la, tirar os móveis do lugar, mas, após a limpeza, os que nela residem passam a viver melhor.