24/10/2015 10h55 – Atualizado em 24/10/2015 22h23
Por R.Ney Magalhães
O mal projetado e mal criado Estado do Mato Grosso do Sul foi instalado por teóricos de gabinete que sem experiência pratica da vida funcional e política, esqueceram-se do obvio.
Os mais jovens talvez não acreditem, mas a verdade é que ignoraram ou se esqueceram de criar até a Secretaria de Agricultura, cujas atividades inerentes motivaram e condicionaram a própria emancipação política do MS e seria o instrumento fundamental para a continuidade do crescimento e desenvolvimento do agronegócio, sustentáculo da economia regional.
Como presidente do Sindicato Rural de Ponta Porã, em companhia do líder ruralista de C.Grande Silvio Mendes Amado convocamos um encontro em reunião histórica assessorada por Gabriel Julio de Mattos Muller então presidente da FAMATO-Federação da Agricultura do MT.
Fundamos a FAMASUL, como primeira entidade Classista do Novo Estado. Sem uma Pasta Estadual para ditar regras e normas e assessorar os colonos que chegavam em busca de Terras e de desenvolvimento do agronegócio, procuramos atuar diretamente com os Ministérios da Agricultura, Planejamento/SUDECO e com a Diretoria de Operações do Banco do Brasil, sempre dialogando com os primeiros Interventores nomeados, exigindo a criação de uma Secretaria de Agricultura.
Nos primeiros meses do MS tudo era festa, o interventor nomeado pensou que era um imperador, torrou a grana subvencionada federal em automóveis de Luxo, foram 100 Opalas pretos de quatro portas para os funcionários do executivo, dois “rabo de peixe” Galaxies da Ford para transporte do Interventor e cinco Veraneios da Chevrolet não sei bem para que.
Ambulâncias, Bombeiros veículos para a Polícia ficaram para depois. A Assembléia Legislativa não deixou por menos, comprou carros de luxo para todos os novos deputados.
E a agricultura que tinha o dever de produzir riquezas para o bom desenvolvimento do Novo Estado, continuava esquecida. Este primeiro interventor após alguns meses foi sacado do poder.
Foi então nomeado o engenheiro Marcelo Miranda para tentar dar “start” no MS, delineando o Mapa Rodoviário e iniciando o aterramento das Rodovias MS, criando Residências Regionais do DERSUL-Departamento de Estradas Estaduais. Nesse setor Marcelo foi nota Dez. Por motivos políticos foi precocemente exonerado do cargo.
Para completar o tempo restante, dois anos e três meses daquele primeiro Mandato, o nosso mal criado MS recebeu como terceiro mandatário o Pedro Pedrossian, que apesar da oposição política ferrenha exercida pelos três Senadores do MS, conseguiu sobreviver. Com Pedro Pedrossian criamos e instalamos a necessária Secretaria de Agricultura.
Pois bem, anos depois de ser criado, o nosso Estado outra vez nos surpreendeu com a incoerência dos Políticos. O Zeca do PT foi eleito Governador e conseguiu levar para a Assembléia apenas um dos 24 Deputados Estaduais, o que no atual regime inviabiliza a governabilidade. Porem, como ele havia recebido num pacote do PT Nacional para a Secretaria de Fazenda um companheiro derrotado nas urnas no Paraná acompanhado da esposa que foi nomeada para o segundo cargo mais alto daquela casa do dinheiro, tudo se arrumou. Com a experiência do Paulo Bernardo que foi até Ministro do Lula e de sua mulher, atual senadora Gleise Hofman foi criado o FUNDERSUL. E então assim, eu volto ao assunto que é o motivo desta crônica: Fundos para o DERSUL, ou Fundo para Estradas de Rodagem do MS. A galinha dos ovos de ouro era a produção rural e assim sendo resolveram na Assembléia aprovar a cobrança desse Imposto por um período pré determinado. Tanto por cento de cada boi ou vaca terminados, tanto por cento de cada tonelada de soja ou de milho comercializados e assim de cada produto primário. Os governadores seguintes, nas Campanhas eleitorais sempre prometeram acabar com essa duplicidade de tributo que já é pago no IPVA, tudo papo furado, sai governo entra governo e a situação continua.
Assim com mais grana para eventuais emendas do orçamento, o Governador eleito com apenas um deputado do seu partido conseguiu passar seus primeiros quatro anos de mandato com a nova companheirada locupletada e satisfeita. E pasmem os senhores, durante seu segundo mandato “extinguiu o DERSUL, mas manteve o fundo” que passou a ser manipulado por uma Agencia no estilo PT de governar. Talvez isto explique o porquê do MS ser o único Estado do Brasil que não tem um órgão específico para tratar de Rodovias Estaduais. Absurdos acontecem, e não vai ser surpresa quando um Promotor de Justiça incriminar algum Governador por denuncia de assoreamento de Rios, Córregos e Vertentes provocados pelo mau uso de Patrolas nem sempre acompanhadas por engenheiros responsáveis. Alguém deve ser responsabilizado e indiciado até porque as estradas antes chamadas de Rodovias MS agora são conhecidas como “enxurradas estaduais”, e como enxurradas provocam erosões alguém vai ser condenado. Enquanto isso o MS vai ficando menos atrativo para novos investidores.
E como o impossível acontece, observe este pontilhão recentemente reformado, (ver Foto) que avisa TON. MAXIMA cinco Toneladas. Deve ser um alerta para as antigas carretas de Bois dos ervateiros.
O autor é Produtor Rural-80 Anos.