29.2 C
Dourados
domingo, 24 de novembro de 2024

A artística morte de David Bowie

- Publicidade -

01/02/2016 21h34 – Atualizado em 01/02/2016 21h34

Por Renato Lucas A. Matos

‘’ Ele sempre fez o que quis. E ele queria fazer as coisas do jeito dele, e da melhor maneira possível. Sua morte não foi diferente de sua vida – uma obra de Arte.’’ -Tony Visconti, produtor musical de Bowie após morte do cantor.

Icônico, inconstante, quem sabe até a mais fidedigna representação da ‘’ Metamorfose Ambulante’’, David Bowie foi um dos músicos que revolucionou a forma de pensar e viver a música.

Conhecido como o Camaleão do Rock, Bowie possuía várias identidades, determinadas pela forma em que se vestia e o som que produzia, dentre elas o mais conhecido, Ziggy Stardust e seu derivado Aladdin Sane com seu característico raio pintado no rosto, cabelos ruivos e vestimentas alegóricas que inspiram até hoje artistas como Lady Gaga e Katy Perry, marcou a carreira de Bowie com o sucesso Starman, que recebeu a versão brasileira da música pela banda Nenhum de Nós, com a música Astronauta de Mármore.

Poucos dias antes de sua morte (ou embarque em sua nave que o levou para sua terra natal) David lançou um último álbum, denominado Blackstar. Recheado de psicodelia e mensagens subliminares, segundo o produtor de Bowie, o álbum foi um presente de despedida aos fãs.

A primeira impressão de despedida de David é representada pela Estrela Negra na capa do álbum representando o luto, tendo em vista que ele possuía uma fissura por estrelas e a galáxia de um modo geral, representado em várias partes da vida do músico, que vão do nome de um de seus personagens ‘’ Ziggy Stardust’’ e em algumas faixas como Starman, Star, Lady Stardust, New Killer Star, Shinning Star e até mesmo no clipe da mais recente música cujo nome denominou o álbum, Blackstar, onde a maioria das cenas se passa em uma galáxia.

Tendo em vista que Bowie já lutava contra um câncer no fígado diagnosticado há 18 meses terceira faixa do álbum, Lazarus é a mais subliminar e previsível de todas. O clipe inicia com Bowie deitado em uma cama de hospital, com os olhos vendados com uma movimentação que representa a ideia de que a alma está lutando para sair do corpo e a primeira frase : ‘’ Look up here, I’m in heaven ‘’ (Olhe para mim, estou no céu ), Bowie representa sua morte como uma libertação. O título de Lazarus refere-se ao personagem bíblico que ressuscitou dentre os mortos, quatro dias depois que ele morreu por Jesus, Lázaro.

A contradição e inconstância forma de Bowie torna-se mais explicita ainda no final do clipe, no qual Bowie recua para dentro de um armário escuro, porém as últimas estrofes da música dizem :

‘’Você sabe, eu serei livre
Assim como aquele pássaro azul
Agora, isso não é tão eu?
Oh, eu estarei livre
Assim como aquele pássaro azul
Oh, eu estarei livre
Não é que, isso é tão eu?’’

Iniciando e terminando sua vida e carreira com tal maestria, Bowie ficará marcado para sempre na memória dos fãs, deixando a interpretação do seu legado como uma lição para todos nós: Podemos ser o que quisermos ser.

Vá em paz, Camaleão.

‘’Sua morte não foi diferente de sua vida – uma obra de Arte.’’ – Tony Visconti

Renato Lucas A. Matos: músico e acadêmico de Artes Visuais.

A artística morte de David Bowie

A artística morte de David Bowie

A artística morte de David Bowie

A artística morte de David Bowie

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade -

Últimas Notícias

- Publicidade-