08/05/2016 19h15 – Atualizado em 08/05/2016 19h15
Fonte: sónoticiaboa
Supreenda-se com o Paraguai, um país que vai muito além dos produtos falsificados.
Ao contrário da maioria, que atravessa a Ponte da Amizade em busca dos preços baixos, conhecemos o que, de fato, deve ser visto no país dos nossos hermanos.
Deixando de lado a Ciudad del Este confusa, perigosa, com ruas imundas, calçadas lotadas, carros velhos disputando o espaço com ambulantes e sacoleiros, descobrimos um lado bonito da cidade, com sua gastronomia e idioma.
Ignoramos as lojas e investimos o nosso tempo no que realmente importa. Pagamos por um city tour e foi incrível!
Não é propaganda, mas tenho que falar do Rigo e da Rebecca. Nossos guias paraguaios foram super atenciosos e tinham uma cultura de impressionar qualquer jornalista…
A língua
Com eles aprendi muito sobre os costumes da tribo Guarani, uma das mais representativas etnias indígenas das Américas. Aliás, é bom explicar: no Paraguai, o termo “Guarani” (que significa guerreiro) tem muitas atribuições, sendo duas mais importantes.
Primeira: é uma das línguas faladas no país, além da castelhana (o que faz do Paraguai um país bilíngue).
Segunda: é o nome da moeda paraguaia. Pra quem não sabe (eu não sabia), o Guarani é uma das únicas línguas indígenas americanas a obter um reconhecimento nacional e literário e a ser pronunciada por um número significativo de não indígenas.
Atualmente, é falada por mais de dez milhões de pessoas, principalmente no Paraguai e na Bolívia, sendo a língua oficial destes dois países.
Gastronomia
Essas curiosidades que aprendi com o passeio também contemplaram o campo gastronômico.
Conhecimentos que se exprimem em palavras!Volto para Brasília sabendo o que é Chipa (um tipo de pão de queijo), Tereré Rupá (uma espécie de lanchinho da manhã), Tereré (chá gelado) e Guampa (cuia onde se coloca o chá).
O nosso guia, Rigo Dan, me ensinando sobre o ritual do Tereré.
E pra quem ainda dúvida que gastronomia é cultura, vou contar a origem do Tereré. Desde antes da colonização européia nas Américas (que no Paraguai aconteceu no século XVII) os índios guaranis já preparavam o Tereré. A diferença é que era uma bebida quente…
Mas em 1932, por conta da Guerra do Chaco (a mais importante travada na América Latina no século XX) o famoso chá, semelhante ao chimarrão dos gaúchos brasileiros e uruguaios, começou a ser consumido frio.
Isso porque, durante as batalhas (no meio da mata) para esquentá-lo tinha que se fazer uma fogueira e a fumaça poderia chamar a atenção dos inimigos bolivianos.
Para, literalmente, “não entregar o ouro ao bandido”, nos acampamentos, os paraguaios passaram a beber o Tereré à temperatura ambiente.
Os tempos difíceis se foram (infelizmente, em três anos de guerra, 60 mil bolivianos e 30 mil paraguaios morreram) mas o hábito virou tradição. Hoje todo paraguaio bebe o Tereré bem gelado para ajudar a espantar um inimigo ainda mais resistente: o calor.
Caipirinha made in Paraguay
Apesar de termos sentido frio durante a nossa estadia, na última Semana Santa, na maior parte do ano as temperaturas na Ciudad del Este beiram os 40 graus Celsius. E nesse “verão carioca” nada melhor que um líquido para esfriar a cuca, não é mesmo?
A “caipirinha paraguaia” ainda tem a vantagem de não ser alcoólica, podendo ser consumida a qualquer hora e várias vezes ao dia… E é o que os paraguaios fazem!
E o Tereré é tão significativo para a cultura desse povo que existe até um dia dedicado à bebida – o último sábado de fevereiro é o Dia Nacional do Tereré.
Além da data, em 2011, o Congresso Nacional Paraguaio declarou o Tereré “Patrimônio Cultural e Bebida Nacional do Paraguai”. Chique, né?
Sopa Paraguaia
Voltando ao nosso City Tour pela Ciudad del Este, destaco ainda outros três importantes templos de paz visitados: a Catedral de San Blas, a mesquita Alkhaulafa Al-Rashdeena e a Igreja de San Lucas. Cada um mais bonito que o outro!!!
Com o passeio chegando ao fim, a fome apertou. E aí conhecemos o que, pra mim, foi a cereja do bolo: um tradicional restaurante paraguaio.
Aprendi a fazer a famosa sopa paraguaia (que de sopa não tem nada), comi as deliciosas empanadas e ainda provei um pedaço de postre (uma torta doce que se assemelha ao nosso pavê). Tudo uma delícia!!!
Nunca imaginei que um bolo de milho solado com carne moída (que, apesar de sólido, os paraguaios chamam de sopa) poderia ser tão gostoso!!!! Adorei!!!
Aproveito para agradecer aqui o dono do restaurante que, prontamente, me deixou conhecer a cozinha e conversar com as funcionárias (que me ensinaram a fazer essas delícias!!! Eeee!!!).
De tão bom, resolvi fazer aqui em casa. A receita? Ah, isso você no próximo post! Uma ótima semana pra todos nós!
Com informações do Vida de Cozinheiro.