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domingo, 24 de novembro de 2024

O arroz e feijão nosso de cada dia

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19/02/2017 09h30

Por Luiz Carlos Demattê

Fonte: Redação

O arroz com feijão é o prato mais típico e frequente na mesa dos brasileiros. Eles formam de fato um par perfeito pois, em termos nutricionais, o que falta em um é suprido pelo outro. Juntos, são muito eficientes para cumprir um importante papel na alimentação diária dos brasileiros.

Essa dupla está tão enraizada na nossa cultura que quando queremos descrever algo simples, mas muito eficiente, costumamos dizer: “Não complica! Faz o ‘arroz com feijão’ que vai dar certo. “

Este importante papel nutricional, aliado à cultura alimentar do nosso povo, motivou a inclusão de arroz e feijão orgânicos na alimentação de muitos brasileiros. Apesar das dificuldades iniciais, muito frequentes quando se trabalha com alimentos orgânicos certificados, o consumo destes itens vem crescendo tendo como alicerces a qualidade, a disponibilidade e, principalmente, a crescente conscientização do consumidor com relação à importância da adoção de hábitos alimentares cada vez mais saudáveis. Felizmente, essa visão vem se ampliando de forma vigorosa.

A maioria dos adeptos da alimentação saudável sabe que um alimento orgânico caracteriza-se pela não utilização de agrotóxicos e adubos químicos no seu processo de produção. No entanto, talvez nem todos saibam que as condições de plantio, no campo, não são o único aspecto a ser considerado. Os processos de colheita, transporte, armazenamento e empacotamento são etapas muito críticas, resultando em grandes diferenças entre os produtos orgânicos e os similares convencionais, principalmente quando se trata da conservação de grãos ricos em nutrientes, como carboidratos e proteínas. Além disso, as condições climáticas também são um fator importante a ser levado em conta.

Um aspecto importante é a embalagem. Quando são embalados em pacotes plásticos a vácuo, por exemplo, impede o desenvolvimento de insetos como o caruncho, pois não há oxigênio. Os produtos similares convencionais, no entanto, não precisam usar esta tecnologia pois são periodicamente fumigados com inseticidas, enquanto permanecem estocados nos silos e armazéns. Muitas vezes, esse procedimento é adotado pouco antes de eles serem embalados e disponibilizados para o consumidor.

Outra questão importante, desconhecida da maioria, é o que ocorre na colheita do feijão. Para facilitar a colheita mecânica os produtores utilizam, no estágio final do ciclo de produção, um dessecante químico, que seca e mata o pé de feijão. Com isso, a vagem se desprende e abre facilmente, aumentando a eficiência do processo. É bom saber que os dessecantes químicos não foram desenvolvidos para este tipo e forma de uso e, igualmente, nenhum deles é autorizado para a produção orgânica.

De forma diversa, o feijão orgânico é colhido com secagem ao sol ou, no máximo, em galpões extensos que os protegem da chuva. É óbvio que esse cuidado gera perdas quantitativas e despesas adicionais que, por sua vez, vão se refletir no preço final do produto.

O esclarecimento destas questões pode contribuir para que o consumidor compreenda que apesar de terem, no mercado, preços um pouco mais altos do que os produtos cultivados, colhidos e empacotados por processos que não levam em conta a saúde do produtor e do consumidor, vale a pena optar por alimentos que tenham seu valor nutritivo preservado e que contribuam para a que ele desfrute de verdadeira saúde.

É comum alimentos orgânicos serem comparados aos mais baratos do mercado e, por isso, passarem a impressão de produtos caros. Entretanto, quando se compara com um produto que já possui qualidade superior, esta diferença gira em torno de apenas 20%. Existem muitas outras razões que implicam em custos adicionais para uma produção orgânica, por exemplo, a menor produtividades ou os reais cuidados com o meio ambiente, porém todos os aspectos promovem a saúde e o bem-estar do consumidor, assim como a prosperidade do produtor.

Luiz Carlos Demattê é diretor industrial da Korin Agropecuária LTDA e Doutor pelo Programa de Pós-Graduação Interunidades em Ecologia Aplicada da ESALQ/CENA – USP.

Foto: Divulgação

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