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quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Fronteira fechada só para quem segue a lei: apreensões aumentam 1.900%

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11/06/2020 19h49

DOF, PRF e Polícia Militar Rodoviária registraram recordes nas apreensões do início da pandemia até agora

Fonte: Helio de Freitas, de Dourados/Campo Grande News

O fechamento da fronteira por causa da pandemia do novo coronavírus só existe no papel. No lado brasileiro, essa situação é “literalmente no papel”, uma vez que o decreto do presidente Jair Bolsonaro nunca foi colocado de fato em prática na Linha Internacional que corta o território de Mato Grosso do Sul.

Na região de Ponta Porã, a mais movimentada, só há duas barreiras sanitárias do Exército brasileiro, uma na MS-164 e outra na BR-463. O Campo Grande News procurou o Exército para obter mais detalhes sobre a presença das tropas na fronteira, mas não obteve informação.

No lado paraguaio, militares do país vizinho vigiam apenas os trechos urbanos da fronteira. Soldados abriram valas entre cidades-gêmeas e até uma cerca de arame farpado foi levantada entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã. A vasta extensão nas áreas rurais, no entanto, segue sem qualquer vigilância, como sempre foi.

Balanço levantado pelo Campo Grande News sobre as apreensões de drogas e contrabando feitas pela polícia em Mato Grosso do Sul de março até agora mostra o que todo mundo já sabe: a fronteira continua sem dono, nas mãos do crime organizado.

Enquanto o Exército paraguaio se preocupa em impedir brasileiros de entrar em suas cidades temendo a covid-19 e os militares brasileiros priorizam a desinfecção de espaços públicos para matar o vírus, traficantes e contrabandistas “deitam e rolam” na imensa fronteira seca entre o departamento de Amambay e Mato Grosso do Sul.

Mesmo na segunda quinzena de março, quando boa parte das cidades fechou comércio e o Paraguai decretou quarentena total com proibição de sair às ruas, as quadrilhas não deram trégua. De março até agora, há caso de aumento de até 1.900% nas apreensões, segundo números fornecidos pelos órgãos de segurança.

DOF – O Departamento de Operações de Fronteira apreendeu 54,8 toneladas de maconha de janeiro até agora, quase a mesma quantidade de idêntico período do ano passado (54,1). Entretanto, 33,6 toneladas foram retidas entre março e maio, a maior parte em maio, 22,9 toneladas – aumento de quase 34% em relação ao mesmo período de 2019.

As apreensões de cocaína feitas pelo DOF desde janeiro aumentaram quase 500% – foram 40,9 quilos em 2019 e 230 neste ano, sendo 170 quilos em abril e 58 em maio.

Cresceu também a apreensão de skunk, a chamada “supermaconha” – 145 quilos em março, 380 quilos em abril e 78 em maio, totalizando 603 quilos nos três meses. Nos primeiros dias de junho, mais 80 quilos, somando 701 de janeiro até agora. No mesmo período do ano passado foram 114 quilos, quase 430% de aumento.

Mas foi de cigarro contrabandeado do Paraguai o maior aumento. Mesmo com a fronteira fechada por causa da pandemia, em março foram 183,9 mil pacotes apreendidos, mais 80 mil em abril e 186,9 mil em maio, totalizando 450,8 mil. De março a maio de 2019 foram 22,6 mil pacotes, ou seja, crescimento de 1.900%.

PRF – Única força policial federal presente nas estradas da fronteira, ainda assim em número reduzido devido ao sucateamento da corporação nos últimos anos, a Polícia Rodoviária Federal registrou queda nas apreensões de cocaína neste ano em relação em 2019, mas o volume de maconha triplicou.

Conforme balanço estadual, 814 quilos de cocaína foram apreendidas pela PRF neste ano. No mesmo período de 2019 foram 2.517 quilos. Já a quantidade de maconha apreendida saltou de 27,6 toneladas no ano passado para 76 toneladas no “período de pandemia”.

Vinte e oito toneladas foram tiradas de circulação numa única apreensão, a maior do país, feita por policiais rodoviários federais da delegacia de Dourados em conjunto com a Polícia Federal, no dia 20 de maio, no município de Tacuru.

Campeã nacional em apreensões, só a delegacia da PRF em Dourados reteve 55 toneladas de maconha de março a maio deste ano, além de 675 quilos de cocaína e 145,6 mil pacotes de cigarro. No mesmo período do ano passado foram 22 toneladas de maconha, 1.200 quilos de cocaína e 110,4 mil pacotes de cigarro.

A PRF também registrou neste ano em todo o Estado a apreensão de 896 quilos de skunk, oito vezes mais que o total do mesmo período do ano passado. Produtos contrabandeados aumentaram 20 vezes – foram 1.237 unidades em 2019 e 23,5 mil unidades neste ano.

PMR – Força estadual que nos últimos anos intensificou a repressão ao tráfico e ao contrabando – principalmente após a prisão e afastamento de integrantes de suas fileiras ligados ao crime organizado – o Batalhão da Polícia Militar Rodoviária registrou 245% de aumento nas apreensões de maconha. Foram 16,4 mil quilos em 2019 e 56,1 mil em 2020.

As apreensões de skunk aumentaram 440% – 91,8 quilos em 2019 e 494,7 quilos no período de pandemia. As apreensões de cigarro, no entanto, recuaram. Foram 141,4 mil pacotes em 2019 e 80,9 mil pacotes em 2020.

Policial rodoviário federal descarrega fardos de maconha na maior apreensão do país, 28 toneladas (Foto: Divulgação)

Maconha apreendida pelo DOF em fundo falso de carroceria (Foto: Divulgação)

Soldado do Exército faz desinfecção em escola de Dourados enquanto fronteira segue aberta ao crime (Foto: Divulgação)

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