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sábado, 23 de novembro de 2024

Que Campo Grande queremos?

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30/07/2020 13h32

Por: Gilvano Kunzler

A vida me permitiu ser um profissional da geografia. Sou muito orgulhoso dessa ciência porque ela ajuda a gente conhecer como as cidades se formam e se organizam com base na ocupação dos espaços. A história das cidades mostra que elas nasceram desprovidas de um projeto básico que oriente seu processo de expansão. Mesmo aquelas consideradas modernas padecem de uma estrutura geral que permita a todos moradores usufruírem dos espaços coletivos e dos serviços.

As cidades, infelizmente, são movidas pela lógica do capital. Há uma dinâmica social e econômica que privilegia determinadas classes sociais. Por essa razão, as pessoas mais vulneráveis economicamente são deslocadas para os bairros mais distantes e desprovidos do apoio do Poder Público que é essencial para proteger aqueles e aquelas que não são comtemplados com os resultados da riqueza produzida pelo trabalho humano. A separação social é um problema sério e histórico das urbes.

Como se trata de um drama construído com base na violência, especulação urbana, e afastamento da expressiva maioria da população das decisões fundamentais dos municípios, é possível mudarmos essa realidade, para tanto é necessário que brotem novas dinâmicas que vejam as cidades como algo para todos e não para alguns privilegiados.

No mundo e no Brasil temos muitos exemplos de cidades que mudaram a sua trajetória e permitiram que seus moradores acessem as coisas boas que ela oferece, ou seja, lazer, trabalho, saúde, educação, cultura e oportunidade. Claro que esse processo de mudança não aconteceu porque um iluminado decidiu fazer.

A verdade é que ele produto de muita luta política. É uma decisão que depende dos atores sociais de cada município. O cidadão e a cidadã podem e devem construir a cidade dos seus sonhos. Trata-se de escolha política alicerçada na democracia. A participação da população no debate sobre os caminhos da cidade é um instrumento fundamental para criarmos urbes mais humanas e democráticas.

Levantei algumas questões históricas sobre as cidades porque moro e trabalho em Campo Grande e vejo que podemos melhorar ainda mais nossa Cidade Morena que tem sido muito maltratada por sua elite política. Campo Grande é muito bonita e tem uma história pujante. Homens e mulheres do mundo inteiro escolheram essa terra para morar e trabalhar. Todos tiveram oportunidades e ajudaram com seu trabalho a construir a cidade possível.

O papel dos pioneiros foi fundamental. Eles legaram as novas gerações uma urbe relativamente organizada e rica, entretanto, lamentavelmente, nas últimas décadas, as coisas estão seguindo o caminho do atraso. A incompetência ocupou um espaço importante nos fóruns de decisão do município. Ideias exóticas são cultivadas pelas autoridades como se o conservadorismo fosse alguma solução para os problemas do século XXI. Isso tudo representa um profundo retrocesso.

É preciso lutamos contra essa lógica perversa que teima em se apoderar dos destinos de Campo Grande. Esse ano tem eleição para escolha de prefeito, vice-prefeito e vereadores. A eleição de pessoas comprometidas com a cidade pode impedir que Campo Grande continue seguindo as ideias atrasadas da sua elite em detrimento da grande maioria da população.

Eu sonho com Campo Grande governada por pessoas que saibam e defendam uma cidade para todos, ou seja, dos negros, dos índios, dos empresários, dos trabalhadores, dos jovens e de todos que desejam viver numa cidade limpa, rica, alegre, democrática, humana, ambientalmente sustentável e comprometida com as ideias de compaixão e solidariedade. Fé e força aos amigos e amigas de Campo Grande.

Que Campo Grande queremos?

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