19/08/2020 10h33
Mara viveu por 12 anos um relacionamento abusivo; há 1 ano teve forças para se libertar
Fonte: Redação
Amambai (MS)- “Nós mulheres temos que nos amar, ter coragem e acreditar que vai dar certo!”. Este é o conselho da secretária do lar, Mara da Silva – que por 12 anos viveu um casamento abusivo e repleto de violência dos mais variados tipos – às mulheres que porventura encontram-se na mesma situação que ela.
Há um ano, ela decidiu colocar um ponto final na história, que mesmo finita, deixou marcas. Hoje, mesmo liberta do medo e da humilhação, ela não quer se relacionar com ninguém. “Depois de tudo que eu passei, é difícil voltar a confiar em alguém” disse.
No começo eram mil-maravilhas
Mara casou-se aos 25 anos e logo em seguida teve seu primeiro filho. Ela diz se lembrar que no começo era tudo lindo e confortável dentro de seu relacionamento, mas que depois do 3º ano de casada tudo mudou.
“Ele bebia e me humilhava muito, me chamava de feia, dizia para eu me olhar no espelho e fazia questão de frisar que tinham novinhas na rua esperando por ele (…) aquilo me machucava demais”, pondera Mara, que hoje tem 39 anos.
Além disso, o seu então companheiro, quando nas raras vezes que saiam juntos, fazia questão em deixa-la de lado e não apresenta-la aos amigos. E se ela tivesse o azar de passar um outro homem e olhar para ela, Mara já sabia que iria ouvir palavras duras e humilhantes. “Ele me xingava de tudo quanto é nome, eu vivia com medo e quando ele bebia então? Eu passava a noite inteira acordada”, comentou, frisando que as ameaças de morte eram constantes.
Além da violência psicológica e moral que o marido cometia, ela ainda precisava suportar a violência material, já que sempre que bebia, o companheiro quebrava coisas da casa. A janela e o guarda-roupa são exemplos de objetos casa que o marido de Mara quebrou em um desses surtos.
“Apesar de tudo isso, eu tinha muito medo. Medo de sair de casa e não conseguir cuidar dos meus filhos, isso me martirizava e eu acabava ficando”, explica. Mara até tentou por algumas vezes a separação, mas segundo ela, depois de um mês, o marido dizia que ia mudar e ela acabava voltando.
Mas há cerca de um ano, Mara tomou a decisão que mudou sua vida. Ela decidiu, mesmo com três filhos de 12, 9 e 5 anos, se separar e trilhar ao lado de Deus e das crianças o seu caminho. “Eu vivi quase 12 anos da minha vida sendo humilhada diariamente, mas chegou uma hora que eu me amei mais e decidi terminar tudo (…) no começo foi muito difícil, mas eu consegui! Então o conselho que eu dou para as mulheres que vivem isso é se amem mais e tenham força e coragem para se separar”, finaliza.
Para a técnica de Apoio Social, Mirian Carvalho, as pessoas não devem tolerar qualquer violência contra a mulher, e, por isso, não podem se calar ou achar que não devem se envolver. “Precisam ajudar a mulher a sair do relacionamento abusivo”, destaca Mirian.
“A campanha nacional Agosto Lilás é um convite à reflexão e conscientização para o fim da violência contra a mulher”, lembra a técnica de Apoio Social.
Agosto Lilás
A campanha Agosto Lilás está acontecendo nos 79 municípios de MS durante o mês de agosto e tem o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher, além de divulgar a Lei Maria da Penha.
Em Amambai, de acordo com a gestora da Coordenadoria de Políticas Públicas para as Mulheres, Thaynara Kappaun, responsável pelo desenvolvimento da campanha na cidade, durante todo o mês de agosto, estão realizadas diversas mobilizações no município, visando a divulgação da Lei Maria da Penha e a conscientização para sensibilizar a sociedade sobre a importância da denúncia em casos de violência doméstica e familiar.
“Com esta campanha esperamos conseguir encorajar as mulheres que sofrem qualquer tipo de agressão, sejam elas: violência física, verbal, psicológica e sexual a denunciar e a buscar seus direitos, além de apoio e da proteção necessária de uma rede de atendimentos especializada”, disse Thaynara.
Como denunciar
A denúncia de violência doméstica pode ser feita na delegacia (Ligue 190), com o registro de um boletim de ocorrência, ou pela Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180), serviço da Secretaria de Políticas para as Mulheres. A denúncia é anônima e gratuita, disponível 24 horas, em todo o país.