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sábado, 23 de novembro de 2024

Ouvindo os outros ais!

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26/10/2020 13h23

Por Rosildo Barcellos

A morte não é contrário da vida, e sim sua consequência. Historicamente a palavra suicídio (etimologicamente sui = si mesmo; – caedes = ação de matar) foi utilizada pela primeira vez por Desfontaines, em 1737 e significa morte intencional autoinfligida, isto é, quando a pessoa, por desejo de escapar de uma situação de sofrimento intenso, decide tirar sua própria vida

A tensão nervosa culmina nos conflitos intrapsíquicos que transtorna a tal ponto, que a morte torna-se único refúgio e a inevitável solução dos problemas. Acredito também que o o suicida tenta depositar a culpa de sua morte nos outros indivíduos que compõem seu ambiente social, principalmente nos mais próximos. Neste caso o suicídio funciona como um “castigo”. É como revidar uma agressão do ambiente que o envolve. Por isto os pensamentos que falam alto “agora você vai se lembrar de mim o resto de sua vida”

Na civilização romana, importante era a forma de morrer: com dignidade e no momento certo. Para os primeiros cristãos, a morte equivalia à libertação, pois a doutrina pregava que a vida era um “vale de lágrimas e pecados”. Nesse momento a morte surgia como um atalho ao paraíso. Nos séculos V e VI, nos Concílios de Orleans, Braga e Toledo, proibiram as honras fúnebres aos suicidas, e determinaram que mesmo aquele que não tivesse obtido sucesso em uma tentativa deveria ser excomungado. Os familiares dos suicidas eram deserdados e vilipendiados enfrentando os preconceitos sociais. Apenas na Renascença a humanidade dos suicidas foi reconhecida, o romantismo desse período forjou em torno do tema uma áurea de respeitabilidade.

Em outras culturas, o suicídio era um ato de bravura, como quando os kamikazes direcionaram seus aviões-bomba aos contratorpedeiros americanos em Pearl Harbor. Quando buscamos uma solução bíblica encontramos “nenhum homicida tem permanecente nele a vida eterna” (1 João 3.15). O Marquês de Maricá dizia: “Os nossos maiores inimigos existem dentro de nós mesmos” uma fronteira tênue.

Não pretendo, conceituar o suicídio, mas contribuir para os que estão em volta de alguém com um problema que pra ele ou ela é incalculável, e que se deprime ou se anula como pessoa, podendo desenvolver um quadro de depressão, que pra mim é o mal do século. As famílias não conversam mais, não almoçam juntas e não temos mais cadeiras nas calçadas. Acredito ainda, que o suicidado quer verbalizar “a todos”, que sua palavra precisa de um ouvinte; que precisa de atenção, claro, como todos nós! Por isso nunca esqueça do seu próximo, de atender aos telefonemas, de responder as mensagens, de agradecer pelo que fez ou ainda faz, (isso mesmo: não ser ingrata nem egoísta), e esse momento de Covid-19, é o melhor momento para pensar e repensar na vida e não simplesmente fugir do ambiente familiar, nem do seio da sociedae. Dê valor a quem te deu valor e dê ouvidos a quem de repente nem sabe falar, Se estão juntos, apoiem-se um ao outro. Se estão afastados; faça com que percebam sua honrada presença. Discordãncia de opiniões é salutar na democracia. Entretanto, não deixe de oferecer a visibilidade ao invisível…isso faz uma diferença incomensurável: acredite !

*Articulista

Foto: Divulgação

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