08/05/2021 10h54
Até o fechamento desta reportagem, às 11h13 deste sábado (8), Amambai registrava 40 óbitos e 2167 casos confirmados de Covid-19. Aos que perderam ente queridos, nossas condolências e aos que tiveram suas vidas marcadas de alguma forma por conta desse vírus, nossos desejos de força!
Fonte: Redação
Amambai (MS)- Sábado, 9 de maio de 2020. Uma transmissão ao vivo na página do Facebook da Prefeitura de Amambai anunciava o que muitos temiam e que, até então, era distante: o município registrava o primeiro caso de Covid-19.
Um alarde tomou conta do município e foi aí que a luta contra essa doença que já matou mais de 400 mil de pessoas no Brasil, efetivamente começou na Cidade Crepúsculo. Comércio foi fechado, sirenes ensurdecedoras anunciavam que era chegada a hora do toque de recolher. Além disso, barreiras sanitárias foram montadas, assim como uma central específica para atender os suspeitos de estarem com Covid-19. A luta foi grande…está sendo grande!
Na época achávamos que passaria logo, que fosse ser só uma fase ruim, mas não foi o que aconteceu. Nestes 365 dias, Amambai perdeu 40 pessoas. 40 vidas, 40 histórias e muitos sonhos. Pais, mães, filhos, ricos, pobres, jovens e idosos, autoridades e civis.
Entre essas histórias interrompidas está a do senhor João Batista Fischer. Aos 82 anos, ele partiu deixando um vazio imenso no coração dos filhos, Luiz Fernando Fischer, Marcos Roberto Fischer e da esposa, Izaura Joaquim dos Santos, com quem dividia a vida há 51 anos.
Pai exemplar e deixando um legado, seu João partiu depois de ficar 30 dias internado, sendo 29 deles em uma UTI, no município de Jardim, longe dos filhos e da amada esposa.
“Meu pai saiu de casa para ir ao hospital no dia 6 de dezembro, a última vez que o vi foi naquele domingo. Mais de um mês depois, ele voltou dentro de um caixão lacrado, nem ao menos podemos nos despedir”, disse o ex-vereador de Amambai, Fernando Fischer, um dos filhos de seu João. O pai de Fischer faleceu no dia 6 de janeiro de 2021.
Como acalento aos que ficaram, resta a certeza de que os 82 anos de Seu João foram bem vividos e cheios de alegria, com realização de sonhos. “Meu pai era meu exemplo de vida, tudo que eu sei, foi ele quem me ensinou, deixou um legado e eu tenho muito orgulho disso”, disse Fischer.
Sobreviventes
Outros casos de contaminação pelo novo coronavírus tiveram desfechos mais felizes, porém com a mesma dor da solidão, com dificuldades parecidas e o mesmo medo do fim. É o que conta Elias Ele se deu conta dos sintomas no dia 25 de janeiro, no dia 26 procurou a Central de Atendimento contra a Covid para fazer a coleta do exame e no dia 27 deu entrada no Hospital Regional de Amambai com 50% do pulmão comprometido. Dois dias depois foi entubado e transferido para o Hospital Regional de Ponta Porã, onde ficou até o dia 10 de fevereiro.
Como não apresentava melhora, estando inclusive traqueostomizado, a família achou por bem transferi-lo para o Hospital da Unimed, em Campo Grande. Como Elias estava em estado gravíssimo, a transferência foi via aérea porque em via terrestre, ele não sobreviveria.
Sendo internado no dia 27 de janeiro e tendo alta hospitalar apenas no dia 2 de abril, Elias diz que a luta foi grande e dolorosa, mas ele sobreviveu e agora, continua lutando para lidar com as sequelas que ficaram. A coordenação motora foi afetada, perdeu o movimento das pernas, os braços estão trêmulos e voz ecoa com dificuldade. Ainda não conseguiu voltar para sua casa, em Amambai, segue em Campo Grande, na casa dos pais e recebendo muitos cuidados a fim de voltar, o mais rápido possível, para a sua vida normal.
Normalidade voltou mais rápido
No caso de Abdo Mariano, de 68 anos, essa normalidade voltou um pouco mais rápido. Ele começou a apresentar sintomas de Covid-19 por volta do dia 20 de dezembro e durante as festas de fim ano foi internado.
Ele passou 33 dias internado, 25 desses em uma UTI. Também precisou fazer traqueostomia e ficou longe dos familiares. Após alta hospitalar, ele ainda ficou quase oito dias sem andar, mas aos poucos retomou os movimentos.
Felizmente, a única sequela que Abdo apresenta é não lembrar de alguns momentos que antecederam seu internamento. A única coisa que se lembra do período que ficou internado são dos pesadelos, que segundo ele, eram muitos.
Abdo classifica o seu caso como um milagre já que teve 90% do pulmão comprometido e ainda assim, se recuperou, para a alegria da família e amigos.
Conscientização
Um ano se passou desde aquele sábado, mas a luta continua. Pessoas ainda estão sendo infectadas, vidas ainda estão sendo interrompidas. O que nos cabe agora é a prevenção, afinal, não sabemos qual será o desfecho da nossa história se acaso acontecer conosco ou com alguém que amamos.
Lavar as mãos, sempre! Higienizar com álcool em gel, sempre! Não promover e nem participar de aglomerações e, acima de tudo, acreditar na ciência, acreditar na vacina, acreditar no SUS e ter esperança de dias melhores porque eles hão de vir!



