14/05/2021 01h09
Fonte: REVISTA IHU ON-LINE
Corda no pescoço
“Qualquer o nome que se dê ao monte de dinheiro que Bolsonaro entrega a parlamentares amigos, do ponto de vista político equivale à esperteza de amarrar uma corda ao redor do próprio pescoço. Desde a redemocratização não há registro de chefe do Executivo brasileiro que tivesse se rendido dessa forma às amorfas forças políticas conhecidas como Centrão, especializadas em manter-se próximas dos cofres públicos” – William Waack, jornalista – O Estado de S. Paulo, 13-05-2021.
O ‘toma lá’ foi eliminado
“É o famoso ‘toma lá, dá cá’. A ‘genialidade’ política de Bolsonaro consistiu em eliminar o ‘toma lá’. É o primeiro chefe do Executivo que literalmente entregou aos parlamentares a alocação de recursos via Orçamento – uma ferramenta essencial de exercício do poder já que a outra – a capacidade do Executivo de ditar a agenda política – Bolsonaro não foi capaz de exercer por inaptidão, incompetência, falta de ideias ou tudo isso junto” – William Waack, jornalista – O Estado de S. Paulo, 13-05-2021.
Vazio de poder
“A descrição eloquente e detalhada desse quadro – o de um governo sem rumo e projeto digno desse nome, em parte à mercê de palpiteiros – foi até aqui o principal resultado trazido pelos trabalhos da CPI da pandemia. Os depoimentos sobre a maneira como o Planalto enfrentou a crise de saúde pública confirmam a existência de uma “estrutura” (embora não seja formalizada nem organizada) paralela da qual o presidente faz uso para elaborar decisões que ele gostaria que fossem tomadas pelas estruturas oficiais de governo e Estado (como o Ministério da Saúde, por exemplo) – ao mesmo tempo em que presidia a criminosa omissão coletiva no caso da oferta da Pfizer para compra de vacinas. Isso tudo tem um nome antigo: vazio de poder. É o que mantém a política brasileira neste momento tão perigosamente imprevisível” – William Waack, jornalista – O Estado de S. Paulo, 13-05-2021.
Apagão de vacinas
“Não poderia ter sido pior o timing do depoimento de Fábio Wajngarten à CPI da Covid: no dia em que o ex-Secom forneceu aos senadores documento indicando que Jair Bolsonaro negligenciou as negociações com a Pfizer, o País deu mais um passo rumo a um abismo perigoso, o do apagão de vacinas por causa da escassez de insumos. Segundo secretários municipais e estaduais de Saúde ouvidos pela Coluna, cresce o temor de uma combinação nefasta: faltar imunizantes quando a curva de contaminação de brasileiros dá sinais de que pode voltar a subir” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 13-05-2021.
Taxa de aprovação cloroquínica
“O Datafolha indica que a conta começou a ser cobrada. O governo do capitão obteve uma taxa de aprovação, digamos, cloroquínica: apenas 24% dos brasileiros consideram a gestão Bolsonaro ótima ou boa. Em março, esse índice era de 30%. Registrou-se uma queda de seis pontos. É a pior marca do mandato do capitão” – Josias de Souza, jornalista – Portal Uol, 13-05-2021.
Difícil defender o governo
“O ex-secretário Fabio Wajngarten lançou mais do que um punhado de contradições, versões desencontradas e puras mentiras na CPI da Covid. Ele queria proteger o antigo chefe Jair Bolsonaro, mas provou que é impossível defender o governo falando a verdade” – Bruno Boghossian, jornalista – Folha de S. Paulo, 13-05-2021.
Desespero
“Se a sessão (de ontem, na CPI da Covid) causou incômodo, o depoimento de Pazuello na semana que vem deve levar o governo ao desespero” – Bruno Boghossian, jornalista – Folha de S. Paulo, 13-05-2021.
Os danos mensuráveis e incomensuráveis
“Jair Bolsonaro fabricou muitas batalhas nessa pandemia: da economia contra a vida; da cloroquina contra a vacina; da liberdade contra as máscaras; do pensamento mágico contra a ciência. No campo dos fatos, perdeu todas. No da fantasia, insiste em todas. Na política, restou-lhe acossar STF e Congresso, culpar estados e municípios, e insinuar intervenção milico-miliciana para livrar-se ileso dos danos gerados por sua conduta. Os danos mensuráveis estão na mesa: 430 mil mortes e 15 milhões de contaminações (sem contar subnotificação); empobrecimento, fome e economia retardatária no processo de recuperação mundial; colapso em saúde e educação, com danos irreversíveis na formação de crianças e jovens (ensino remoto ainda foi pretexto para cortar investimentos, enquanto parte do mundo os ampliava). Os danos incomensuráveis se observam em sofrimento e indignidade” – Conrado Hübner Mendes, professor de direito constitucional da USP, é doutor em direito e ciência política – Folha de S. Paulo, 13-05-2021.
Conduta criminosa
“Sua (Jair Bolsonaro) omissão descumpriu deveres constitucionais. Mas não foi só omissão. Consciente das mortes que causaria, agiu para inviabilizar e tumultuar medidas sanitárias de senso comum. Usou do inigualável poder da caneta e da palavra presidencial para semear dúvida, espalhar desinformação e incitar violação da lei. Quantos crimes cabem nessa conduta? A pergunta não é retórica. Não se responde só pelo fígado ou pela intuição moral. Precisa ser qualificada pela análise jurídica. A montanha de evidências de conduta criminosa não cabe embaixo do tapete. Uma carreira forjada na delinquência e premiada pela impunidade, que já produziu tanto dano material e imaterial, podia pelo menos terminar em sanção. Injusta por ser tão tardia, nem por isso menos correta e urgente” – Conrado Hübner Mendes, professor de direito constitucional da USP, é doutor em direito e ciência política – Folha de S. Paulo, 13-05-2021.
Inflação?
“O quilo da picanha do churrasco do Bolsonaro é mais caro do que o salário mínimo do trabalhador” – Marcelo Freixo, deputado federal – PSOL-RJ – O Estado de S. Paulo, 13-05-2021.
O futuro do gaúcho não depende do carvão
“É evidente o que move quem faz proselitismo pela ampliação da matriz energética poluente: a ganância e o pouco- caso com a preservação ambiental. O Rio Grande tem muitas riquezas. Certamente, não é uma matriz energética baseada em elementos fósseis, altamente poluidores, que nos levará ao futuro que merecemos. Países do mundo todo já apontam para a ampliação de seus parques energéticos limpos e redução do uso de carvão para reduzir as emissões de CO² e outros gases poluentes” – Francisco Milanez, biólogo, arquiteto e urbanista, presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) – Zero Hora, 13-05-2021.
De costas para o futuro
“Defender a extração e queima do poluente e anacrônico carvão é estar de costas para o futuro. O que precisa ser defendido é o futuro da sociedade gaúcha com qualidade de vida, e não o futuro do carvão” – Francisco Milanez, biólogo, arquiteto e urbanista, presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) – Zero Hora, 13-05-2021.
Sociedade aterrorizada
“’Eu clamo à sociedade aterrorizada: e vocês?”, pergunta-nos Debora Silva, liderança das mães de maio. “Vão me ajudar a erguer estes mortos? Não deixe que meu grito se transforme numa palavra muda a ecoar pela paisagem. Me ajude a barrar o rajar das metralhadoras. Chacina é terrorismo de estado, não policiamento” – Thiago Amparo, advogado, professor de direito internacional e direitos humanos na FGV Direito SP – Folha de S. Paulo, 13-05-2021.