Artigo de Aldayr Heberle *
Este é o neologismo em voga para explicar a alta dos preços de todos os gêneros alimentícios, em todo o mundo. E para tentar explicar esse fenômeno, vamos dar alguns dados sobre a produção/consumo de commodities e outros fatores, alheios ao mercado.
Milho – 40% da produção americana estão sendo transformada em etanol. De uma colheita, em 2010, de 316.250 milhões de toneladas, 126.500 milhões foram tiradas do mercado de fabricação de rações para animais, para ser transformado em combustível. Os preços do milho subiram de us$4,00 para us$6,70 por bushel na cbot.
Mas se toda a colheita de milho americana fosse transformada em etanol, produziria apenas 4% do consumo. O subsidio do governo americano e de us$0,45 por galão de etanol misturado à gasolina.
Com a alta do milho os preços das rações também subiram quase na mesma proporção. E o produtor americano, que sempre “olha para frente”, vai aumentar a área plantada de milho e reduzir a de soja ora, com essa previsão, a soja também subiu.
Biodiesel – as incertezas nos países principais produtores de petróleo, fez com este também subisse mais de 40% nas últimas semanas.
a alternativa encontrada para suprir a demanda foi transformar óleos vegetais em biodiesel. Especialmente, óleo de palma da malásia e de soja da argentina e do brasil. Em nosso país, estima-se que até 2012 cerca de 80% de nossa produção será queimada em motores de caminhões, tratores, colheitadeiras e motores até aqui movidos a diesel. Vamos ter que nos acostumar a comer manteiga e banha de porco, como antigamente.
Clima – China, Rússia e Índia, têm sofrido adversidades climáticas, o que está afetando dramaticamente sua produção de alimentos e obrigando esses países a recorrer à importação de grandes volumes de matérias primas para fabricação de rações para alimentar seus animais e outros produtos “in natura” para seus habitantes.
Especuladores – fundos de pensão, de investimentos, caixa dois de políticos de todo o mundo, estão preferindo investir grande parte de suas disponibilidades financeiras em commodities, por julgarem este setor mais seguro que ações, moedas ou empréstimos a governos. Vários países europeus, como Portugal, Espanha, Irlanda e Grécia estão com severas dificuldades financeiras e necessitam de socorros gigantescos das demais nações do euro. Seus governos foram perdulários, irresponsáveis, e hoje simplesmente não estão conseguindo equilibrar.
Suas receitas com suas despesas. E os déficits tem que ser cobertos com empréstimos. Porém os emprestadores se sentem no direito, na obrigação, de impor regras rígidas, difíceis de serem cumpridas, pois, implicam em eliminar privilégios de muitas castas, especialmente funcionários públicos, aposentados e políticos. Isso tudo enfraquece o euro e gera desconfiança no futuro dessa moeda e dos países membros. E por falar em “membro”, não podemos esquecer o insaciável “membro” do Berlusconi, o primeiro ministro da gloriosa Itália. E os membros do governo parecem que só pensam “naquilo” e não nos problemas da pátria, que também são muitos.
Os EUA são devedores de 14.3 trilhões de dólares, com vencimentos de até 99 anos. O maior credor é a china, com a bagatela de 2,8 trilhões de dólares em letras do tesouro americano (tbills) enquanto isso, a dívida do governo e do povo brasileiro é equivalente a um trilhão de dólares, onerados aos juros mais elevados do planeta terra, 11,25 ao ano.
E o governo é obrigado a pagar esses juros para que os investidores concordem em “rolar” seus créditos. O delfim dizia que “dívida não se paga, se empurra com barriga”. Mas tudo tem um limite, tudo tem um fim. Aliás, a remuneração paga pelo governo aos bancos (os mais lucrativos do mundo) e investidores estrangeiros é pelo menos 50% superior à remuneração das cadernetas de poupança e do fgts.
Eis porque os chamados “especuladores”, embora existam rígidas regras de proteção contra “jogadas” na bolsa de chicago, às vezes provocam “ups and downs” contra todas as expectativas, levando em conta os números de “suply and demand”.
Investidores – grandes grupos governamentais e privados da china tem investido nas mais diversas áreas de atividades econômicas da argentina. O malfadado e desastrado governo dos kk têm castigado as empresas e empresários de todos os setores, mas especialmente do agrobusiness.
Os impostos, melhor dito confiscos, chegam a 50% do valor de alguns produtos. Os empresários argentinos estão se desfazendo de seu patrimônio, de suas empresas, terras, hotéis, supermercados, e se mandando para outros países. E quem está comprando quase tudo, em todas as províncias, de norte a sul, de leste a oeste são os chineses. Como orientais eles são pacientes e sabem esperar. E no momento certo, oportuno, assumirão o controle da produção argentina.
Do petróleo ao gás, do turismo, da produção e distribuição de alimentos, das rodovias, ferrovias e dos portos. Imagina-se que a cristina, de marido novo, circuncisa do, saberá desfrutar o restante de seus dias nalgum paraíso terrestre. E o povo argentino, cada vez mais ferrado, continuará gritando: peron, peron, peron, peron. E não importa se sob o domínio de um novo governo peronista ou sob o domínio econômico e social de chineses.
Quantos bilhões de suas reservas investiram na argentina: só eles sabem, mas não contam para ninguém. Em 2010 investiram 19 bilhões de dólares no Brasil. Tudo na moita, a moda chinesa. E a china representou 10,2% do comércio mundial em 2010. Nosso querido Brasil apenas 1,2%. Acusam a china de supervalorizar o dólar. Enquanto nós supervalorizamos o real.
Quem estará certo, a china, com o seu fantástico crescimento, ou o Brasil, ainda capengando em comércio internacional, dependendo de transporte rodoviário, por péssimas e perigosas rodovias, com os estados cobrando ICMS sobre o frete, exemplo sem similar neste planeta, além de outros 40 impostos.
Custo Brasil – eu iniciei minha atividade em comércio exterior em fins de 1950 (comecei muito jovem). Quando se embarcava torta de soja e de linhaça (essa semente que hoje se usa para remédio) em porto alegre e rio grande, tudo ensacado em sacos de aniagem.
Nos portos havia três sindicatos: o dos consertadores, dos arrumadores e dos estivadores. Os arrumadores descarregavam os vagões/caminhões e os acomodavam nos armazéns planos dos portos. Dali era transportados até a beira do cais quando o navio chegava e “arrumados” em lingadas. Os guindastes do porto levantavam essas lingadas e os depositavam no porão do navio.
Se algum saco rasgava, o conserto só podia ser feito pelos membros do sindicato dos “consertadores”. Os estivadores tiravam os sacos das “lingadas” e os acomodavam no porão do navio (daquela época, de carga geral).
Hoje em dia, tudo mudou. Ainda temos os portos mais caros e deficientes de quaisquer pais civilizado. Mas todos os grãos – milho e soja – são carregados a granel, tudo automatizado, informatizado, na base de 2.000 tons por hora contra 250 por dia “naqueles tempos”.
Pois, as três categorias sindicais existem até hoje em nossos portos. Nada, nada fazem. Apenas controlam quanto cada “bulk carrier” carregou e emitem a nota de cobrança. Antigamente, os cargos dos dirigentes eram vitalícios e hereditários, como hoje nos governos de cuba, da coreia do norte e alguns países árabes. Hoje são eleitos pelos privilegiados associados de cada sindicato.
O custo: no porto de rio grande r$2,50 por toneladas. Num navio tipo panamax, que carrega umas 60.000 toneladas de soja, mamam cento e cinquenta mil reais. E quem paga isso? Os produtores, ora, pois. Remuneração melhor, só os dos sindicatos d e senadores, deputados, membros de tribunais de contas, etc. E quem paga essas contas: o ouriço povo brasileiro, ora, pois.
- Aldayr Heberle é Consultor de Agronegócios