19/03/2018 14h24
Fonte: Embrapa
Independentemente do tamanho da lavoura, o maior desafio da agricultura na atualidade é a obtenção da lucratividade, capaz de remunerar os custos, assegurar novos investimentos e garantir adequada qualidade de vida ao agricultor.
A cada ano, novas tecnologias estão sendo incorporadas aos sistemas produtivos, o que tem assegurado contínuo aumento de produtividade. De março de 1990 até hoje, a área plantada com grãos cresceu 61%, enquanto a produção aumentou 310%, um aumento espetacular da produtividade. Num passado não muito distante, o solo não era cultivado, após a colheita da soja, sendo deteriorado sob o ponto de vista físico em virtude da intensa mobilização com a utilização de “grades”. Hoje, após a colheita da soja, na região centro-oeste do Brasil, se cultiva milho, algodão, forrageiras e plantas de cobertura – é a intensificação da agricultura. Está havendo também, na região do Brasil Central, a expansão da agricultura irrigada e a introdução do cultivo de espécies vegetais antes restrita a outras regiões do Brasil ou Mundo. Este novo modelo de exploração do solo, além de aumentar a produção, contribui significativamente para o aumento da produtividade.
Além da intensificação da agricultura, é possível constatar também um crescente aumento de modelos de produção integrados. Os exemplos mais evidentes são a integração lavoura-pecuária (ILP) e integração pecuária-floresta (IPF). Assim, as unidades de produção passam a ter múltiplas atividades, a maioria desenvolvendo-se de forma integrada. Hoje, já temos em Mato Grosso do Sul, por exemplo, propriedades que além da agricultura, trabalham com avicultura de corte, pecuária de leite e pecuária de corte.
A utilização de Boas Práticas Agrícolas (BPA) também é uma estratégia necessária para a superação dos desafios da moderna agricultura. Atividades como: sistema plantio direto, controle biológico para o controle de pragas, doenças e nematoides, entre outros são fundamentais para a sustentabilidade da atividade. Com uma adequada cobertura do solo com palha, o manejo de plantas daninhas de difícil controle, como a buva e o capim amargoso, é facilitado. A utilização de Crotalaria spectabilis é exemplo de uma espécie que também auxilia no manejo de nematoides. Plantas daninhas e nematoides são dois responsáveis por quedas de produtividade e aumento do custo de produção de soja e algodão, por exemplo. Com o cultivo de espécies de plantas de cobertura e adubos verdes, feito de forma planejada, o produtor conquista a melhoria da fertilidade do solo (física, química e biológica), o que permite muitas vezes, reduzir a quantidade de fertilizantes químicos aplicados ao solo, contribuindo para a redução do custo de produção.
Existe ao redor do mundo, uma forte demanda por alimentos, fibras e energia. Esta demanda é crescente e contínua diante do aumento da população e da melhoria das condições socioeconômicas, verificadas em várias partes do mundo, de forma especial em países com grande população, como a China e a Índia. O algodão que foi semeado em fevereiro de 2018, na sua maioria já foi comercializado, o mesmo acontece com a soja, com o milho, com o girassol, etc. Apesar da venda antecipada, a margem de lucro está decrescendo, o que não assegura a sustentabilidade do negócio.
Assim, nos parece como mais viável, a redução dos custos de produção. Para a maioria das espécies cultivadas no Brasil, o custo de produção está exageradamente alto, ameaçando todo o sistema de produção. Como o alto custo de produção é devido ao elevado uso de insumos, faz-se necessário trabalhar um pouco mais com processos e menos com produtos (insumos).
Soluções tecnológicas simples contribuem com a redução do custo de produção. Somente com a adoção de tecnologias será possível reduzir os custos de produção e superar esse grande desafio da agricultura brasileira.
A integração e intensificação de atividades, o uso de métodos integrados de controle de pragas, doenças, plantas daninhas e nematoides é cada vez mais necessário e imperioso.
Em síntese, incorporar aos diferentes modelos de produção existentes no Brasil, os conhecimentos disponíveis, proporcionará um salto significativo para a agricultura brasileira, que ofertará mais alimentos, energia e fibra para a população brasileira e mundial, além de assegurar melhor nível de renda àqueles que se dedicam à atividade agropecuária.
Esta nova realidade exige que o produtor busque continuamente o seu aprimoramento, o que se consegue junto às instituições de pesquisa, a rede de assistência técnica pública e privada, associações de produtores e cooperativas. Além é claro, da imensa rede de comunicação hoje à disposição do produtor rural.