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quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Joel Santana: Estrela da sorte

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No dia 27 de setembro de 2009, o Botafogo entrava em campo para enfrentar o Vitória pela 26ª rodada do Campeonato Brasileiro ocupando a 18ª colocação na tabela, carregando uma série de maus resultados na bagagem e prestes a embarcar numa crise que só teria fim na última partida do ano. A equipe comandada por Estevam Soares precisava desesperadamente vencer para interromper o flerte com a zona de rebaixamento e voltar a respirar na competição. Abatido por 3 a 1 no Engenhão naquele domingo, o Alvinegro completou dez rodadas sem vitória, saiu de campo xingado pela torcida e reservou definitivamente seu lugar na parte inferior da tabela – um mergulho ao fundo do poço que só teria fim na 38ª rodada, quando garantiu sua permanência na Série A.

Quase um ano depois, a equipe de General Severiano pode não ser exatamente a mais constante da competição, mas lida graciosamente com seus altos e baixos no Brasileiro. Oscilando entre o terceiro e quinto lugares na tabela nas últimas rodadas, o Botafogo tem motivos de sobra para comemorar a evolução conquistada ao longo da temporada. Um progresso que é constantemente creditado à chegada do técnico Joel Santana e seu bom humor, ambos velhos conhecidos do torcedor alvinegro. Na base da camaradagem, o ex-técnico da seleção da África do Sul conquistou o elenco do descaracterizado Botafogo que encontrou no início do ano e viu acontecer o que ele chama de encaixe perfeito – que teve início com a conquista do Campeonato Carioca diante do Flamengo.

“Às vezes as coisas simplesmente não se encaixam. Você faz tudo certo, o time é bom, mas as coisas não acontecem. Passei por isso no Corinthians e no Internacional. Peguei os dois times em momentos difíceis, desenvolvi um trabalho, mas as coisas não deram certo e eu saí. Dois anos depois, as duas equipes foram campeãs do mundo. Alguma semente eu plantei”, diz o técnico. “Aqui no Botafogo encontrei uma aceitação muito grande. Todos se doaram em prol do grupo e conseguimos essa virada. Eu não faço nada sozinho. Se fizesse, seria um mito, e não sou. Sou apenas iluminado”.

Depois de conquistar a confiança do elenco e formar o grupo unido – expressão que os jogadores repetem à exaustão – que hoje ameaça colar na traseira dos lideres do Brasileirão, Joel conta com a equipe de psicólogos do clube para gerir os conflitos internos que vez ou outra surgem em General Severiano. O último deles, entre o técnico e xodó da torcida Loco Abreu, parece ter ficado para trás em nome da briga por um lugar no G-3.

“Não adianta ter só um bom time, é preciso estar bem em diversos aspectos. Controlar a parte psicológica é um ponto importante e eu não tenho problema nenhum em dividir isso com os psicólogos do clube. Quando está na minha alçada e eu vejo que tenho que lidar com determinado assunto, eu tento resolver. Se não dá, atacamos em conjunto. Eles são profissionais treinados para isso e reconhecem determinados sintomas com muito mais facilidade”, diz Joel.

A cabeça no lugar parece ter impedido que a confiança da equipe fosse abalada pela queda à 17ª colocação na tabela após 11 jogos no Brasileirão, um declínio que chegou a assustar a torcida depois de uma breve passagem pela terceira colocação antes da parada para a Copa do Mundo da FIFA África do Sul 2010. Desde então, o time não deixou mais o grupo dos 10 primeiros colocados, dando um salto do oitavo para o quarto lugar após a vitória por 2 a 0 sobre o Atlético-GO no Serra Dourada. Depois de passar as duas rodadas seguintes na terceira colocação, graças às vitórias por 1 a 0 sobre Avaí e Ceará, o Botafogo se mantém entre quarto e quinto lugares há três rodadas.

Para Joel, as próximas rodadas determinarão o destino da equipe na competição. Dependendo dos resultados que obtiver nos confrontos com o Corinthians e o Atlético-PR, o Alvinegro pode garantir seu lugar entre os primeiros ou mergulhar numa queda drástica.

“Agora o Botafogo está tendo a oportunidade de sonhar com o título. Estamos na briga de fato, resta ver se vamos ter cartas na manga para driblar as dificuldades que aparecem num campeonato como esse. Acho que todos os que estão entre os 10 hoje têm chances de brigar pelo título”, aposta Joel. “Vamos ter rodadas cruciais pela frente, confrontos em que tivemos muita dificuldade no ano passado, e dependemos deles para garantir pontos que podem fazer diferença lá na frente. É a hora da chegada”, avisa.

Imune às críticas
É raro ver Joel Santana tirar o sorriso do rosto – mesmo quando está cercado de repórteres e tem de respoder a perguntas desagradáveis o treinador encontra brecha para fazer piadas. O bom humor só dá lugar à seriedade quando o assunto são as críticas mais frequentes a seu trabalho. Visto por muitos como um técnico que tem dificuldades de adaptação fora do Rio, apontado como especialista em recuperar equipes mas não em formá-las, Joel garante que a opinião alheia não o incomoda, mas rejeita algumas das etiquetas que recebeu ao longo dos anos.

“As pessoas gostam de dizer que eu não tenho título brasileiro, por exemplo, mas eu tenho. Só que ele tem outro nome”, diz o técnico, em referência à Taça João Havelange conquistada com o Vasco em 2000. “Não me falta um título, eu sou uma pessoa bem resolvida. Nem tomo conhecimento de coisas que dizem a meu respeito que possam me incomodar. Eu brinco muito, mas não estou aqui de brincadeira”.

Fonte: FIFA.COM

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