Estimativa aponta que produção atingirá 12,3 milhões de toneladas com a normalização das chuvas.
Depois de duas safras com quebras pesadas na produção de Mato Grosso do Sul, produtores devem esperar um futuro mais otimista para a safra de soja 2022/2023. O primeiro sinal veio ainda nesse mês de setembro, com o volume de chuva perto do ideal, garantindo um plantio mais tranquilo; o segundo foi o anúncio da produção da safrinha atingindo a segunda maior marca na história do Estado.
No comparativo com a safra passada, a projeção é de crescimento de 43% na produtividade. No ciclo 2021/2022, foram 8,6 milhões de toneladas colhidas, e para a esta safra a projeção é de 12,3 milhões de toneladas.
Com um cenário animador, o Correio do Estado conversou com especialistas para saber os rumos do mercado da oleaginosa em MS e quais as conjunturas que o agricultor deve ficar de olho nos próximos meses.
Conforme o consultor e agrônomo João Pedro Dias, a demanda por grãos, como a soja, tem uma tendência de alta no consumo por dois fatores: é um dos óleos mais baratos para consumo humano e o farelo disponibiliza uma das proteínas mais baratas para alimentação animal.
“O Brasil é um grande produtor de soja, com uma produção estimada no ano que deve ficar por volta de 150 milhões de toneladas na próxima safra”.
Para o especialista, MS tem a vantagem de ter uma grande área antropizada que pode incorporada ao processo produtivo. “Você vai para Ponta Porã, Maracaju, só se vê milho e soja. As áreas de pecuária, agora, precisam aumentar produtividade em menos área, então a agricultura, a soja e o milho são inseridas em áreas de pastagem, de florestas, no caso da celulose, e por meio de uma estratégia de reforço do solo”.
De acordo com o consultor e agrônomo Vlamir Brandalizze, a chance de chegar a esses números apontados pelo colega são altas, até mesmo pelo período de chuvas, que parece ser mais ajustado à normalidade.
“A verdade é que este ano as chuvas começaram na época ideal. Nos últimos anos, foi muito difícil fazer o plantio por conta das secas e o atraso que causaram. No sul de MS, inclusive tem mais chuva que o normal, o que está dando um ritmo menor que os produtores esperavam para a plantação”, revela.
PRODUTIVIDADE
A safrinha, segundo Brandalizze, já foi bem próspera em termos de produtividade, e o mesmo deve acontecer com a safa 2022/2023 de soja. Para ele, a depender do clima, a produtividade pode ser maior que a expectativa, com isso o mercado é extremamente favorável para o produtor.
“Com a safra maior em área e produção, vemos um potencial de 15 milhões de toneladas e ambiente muito favorável para a soja. Quanto às cotações, elas estão fluindo mais tranquilas para 2023”, analisa.
Com o Brasil se firmando como o principal exportador da oleaginosa, a conjuntura é favorável para o brasileiro.
“Somos o maior produtor e o maior exportador, ainda mais agora que a safra americana foi comprometida pelo clima, a expectativa é de que será mais favorável para o produtor, e, se o clima mantiver uma condição melhor, o mesmo pode ser dito para MS”, finaliza Brandalizze.
De acordo com o analista da consultoria Agrinvest Eduardo Vanin, as margens melhoraram nesta semana com a queda de alguns custos de produção. No entanto, ele comenta que os verdadeiros impactos dessa redução só poderão ser vistos em 2024, e por aqui isso continua sendo um problema. “MS, MT e GO ainda comercializam pouco por causa dos preços altos de custo”, comenta.
MILHO
O consultor afirma que essa melhora do clima já foi sentida na última colheita, finalizada em setembro, quando o milho safrinha atingiu patamares considerados ótimos pelos produtores do Estado.
Fonte: Rodrigo Almeida/ Correio do Estado