02/08/2011 14h35 – Atualizado em 02/08/2011 14h35
Por Diogo Antunes da Conceição
Amambaienses, antes de levarem a sério papos políticos, tais como se ouve nas FM’s da vida, que diz “que a usina ajuda a desenvolver um município”, vejam o exemplo que aconteceu a pouco em Navirai, de como o capital dos usineiros é aplicado devidamente aos seus empregados, para quem acredita que as usinas trazem melhoras para o município, pensem bem para quem realmente esta melhora acontece.
Trata-se aqui de um exemplo, como já disse, mas, qualquer um que ainda duvide, pode procurar as conseqüências econômicas e sociais que a usina de cana de açúcar traz para uma região, busquem e vejam, quem realmente fatura com isto, e quem realmente consegue o emprego, um emprego que busca ainda manter um sistema global de produção baseado na mão de obra servil.
Mão de obra constituída de pessoas que precisa sim, do seu emprego, de trabalho, de prover o seu sustento sem ter que aproveitar-se de ninguém para tal, porém, precisa-se muito mais de qualidade de vida, para estes que contribuem com a força física no desenvolver-se de uma sociedade que não os trata com devido respeito.
Respeito este, que também não se encontra presente a aquele que vai a publico defender esta idéia vendida de um sistema de economia planificada e global, sem levar em conta à difícil realidade daqueles que se encontram a margem deste grupo, e dependem do mesmo para provir-se financeiramente.
Fica aqui a indignação de ver-se, este discurso ser utilizado para explorar, bulir, brincar com um anseio social que todos temos, nesta região de fronteira, que é a falta de opções de trabalho, da qual muito das vezes, o serviço ilegal, o crime, que infelizmente, tende a habitar a mente destes que estão à margem da economia local, que ainda se baseia no latifúndio, e que comemora com orgulho e festas, a sua posição.
Não é possível concordar calado com esta prostituição social, que se faz aqui, em Amambai, cidade da qual, também faço parte, e por isso mesmo não quero ver meus conterrâneos marginalizados por este discurso político tão retrógado e medíocre, e defendido também, por instituições sociais que se dizem zelar pelo bem do povo, fazendo com que o mesmo acredite, seja crente! Mas em que?
Embora não caiba aqui, discutir também, a fiel associação que a política, a economia fundiária e a religião constituem na nossa querida Amambai, é preciso notar a influencia que ambas defendem através do mesmo discurso uma única idéia de sociedade, e a quem tal idéia é reproduzida? Quem ela favorece? Fica a um espaço para reflexão.
Antes de levarem o que digo para a nossa pequena politicagem dualista amambaiense, gostaria de dizer que não me importa qual dos dois grupos (ou seus miseráveis defensores) vai ler isto, por que ambos discursaram sobre a vinda das usinas de cana para Amambai, e a meu ver ambos foram infelizes neste discurso.
Pois a usina não é com certeza, uma solução para a nossa querida cidade. Não para aqueles que precisam realmente de um emprego, digno e de respeito, pois ser explorado pelo uso das mãos e de um facão não pode ser à base de uma economia e de uma cidadania para uma população honesta.
Nunca se pode ser contra o desenvolvimento de uma região, principalmente a minha, mas que este desenvolvimento respeite aqueles que estão na sua base, e dei-lhes condições verdadeiras de trabalho e de qualidade de vida, que tal desenvolvimento não seja apenas baseado na economia, mas também no social, no humano.
Não podemos manter um sistema que torna os desprovidos dependentes daqueles que possuem bem mais do que o suficiente, não é por que já começou mal que não se pode melhorar o final.
É preciso, repensar na nossa política, já que o assunto baseou-se na nossa representação social legitima, e que infelizmente nós mesmos a elegemos por mais de um dois mandatos, é uma tradição errada que se mantém nesta região e que não pode prosseguir desta maneira. Não podemos ouvir e bater palmas para este ou aquele discurso prepotente.
A informação deve chegar a todos, mas antes é preciso que estes todos saibam qual é a realmente verdadeira e qual não o é, qual vai de acordo com o seu interesse e necessidade é qual vai de acordo aos interesses de outros, é preciso investir politicamente nisto, não em festejos e comemorações míopes.
É preciso dar, garantir a capacidade de escolha, de opinar, para as pessoas, não apenas trazer a solução já pronta, a educação é o caminho para isto, abre as janelas mentais das pessoas para que a luz da realidade consiga entrar e tirar a escuridão que ali habita.
Talvez por isso mesmo, por a educação ser esta chave que abre a mente das pessoas, é que podemos entender o descaso que temos por parte dos nossos representantes com a mesma, seja nas escolas publicas municipais, estaduais ou universidades. Já passou da hora de e deixar de lado estas conversinhas fiadas que ouvimos por ai.
Apesar de me divertir bastante com tanta palhaçada que ouço por aqui, já passou da hora de brincar com as pessoas que ainda tem um pouco de seriedade com a realidade amambaiense.
Diogo Antunes da Conceição é amambaiense e acadêmico do 4º ano de Ciências Sociais da UEMS de Amambai