Raquel Fernandes
Hoje, resolvi escrever este texto, mas confesso que tem sido um desafio. Passei o dia todo tentando colocar as palavras no papel, mas ainda é difícil acreditar. Não dá para acreditar que o André Luiz Bezerra Bento, mais conhecido como André Bento, se foi. Mesmo assim, sei que, se ele estivesse no meu lugar, faria o mesmo: escreveria para homenagear um amigo.
André Bento, de 37 anos, faleceu na madrugada desta quinta-feira (19), em Dourados. Ele lutava contra um câncer no esôfago e, após uma cirurgia de emergência na semana passada, infelizmente não resistiu às complicações.
André era o diretor do seu próprio site, o Jornal Gran Dourados, e construiu uma trajetória admirável no jornalismo. Ele trabalhou em diversos veículos de comunicação de Dourados, foi correspondente de jornais da capital e atuou como freelancer para toda a região. Era conhecido por sua incrível habilidade em apurar notícias, uma qualidade rara e valiosa no nosso meio.
Conheci o André no primeiro ano da faculdade, em 2007, na Unigran. Assim que me formei, tivemos a oportunidade de trabalhar juntos no GD News. Escrevíamos as matérias e até distribuíamos os jornais impressos, rindo das aventuras do dia a dia. Aprendi muito com ele sobre o fazer jornalístico, sobre a paixão e a dedicação que essa profissão exige.
Ele era apaixonado por Mato Grosso do Sul e defensor fervoroso da nossa cultura regional. Gostava de um bom chamamé e fazia questão de valorizar tudo o que representava nossa terra. André também era um homem de família, sempre falando com carinho da esposa, a sua “preciosa” Aline, e da linda filha Marina. Espero que Deus conforte o coração delas neste momento tão difícil.
Revendo nossas conversas, me peguei emocionada ao lembrar de uma frase que eu sempre dizia: “Você é o orgulho do nosso jornalismo”. Ele, com a humildade de sempre, respondia que eu exagerava, rindo. Mas era a pura verdade.
André Bento era um exemplo de honestidade, competência, dignidade e comprometimento. Sem vaidade, apurava cada informação com zelo e precisão. Se fosse preciso ler um arquivo de 20 páginas para extrair um dado, ele lia. Comparava números, verificava fontes e não parava até chegar à verdade. Ele era incansável. Ouvia os dois lados, mantinha a ética, e nunca se intimidou, mesmo diante de ameaças por expor o que era necessário.
André, você foi corajoso, ético e um verdadeiro profissional. Suas matérias marcaram a história, moldaram o jornalismo da nossa região e seguirão como exemplo para todos nós. Sua família, seus amigos e colegas sempre o terão como um guia, alguém que mostrou o caminho com dignidade e coragem.
Ainda não acredito que você se foi. É uma pena que eu não pude me despedir, mas as lembranças e o orgulho de ter compartilhado um pouquinho dessa jornada com você ficarão para sempre.