O Quadro Auxiliar de Oficiais (QAO) foi criado pelo Decreto Presidencial n° 84.333, de 20 de dezembro de 1979. Essa medida possibilitou às praças que honrosamente servem nas fileiras do Exército Brasileiro a ascensão ao oficialato. Tal distinção só se dá por merecimento, o que valoriza as qualidades demonstradas por subtenentes e sargentos ao longo da carreira.
Os oficiais do QAO podem atingir o posto de capitão e desempenham importantes funções, talhadas especialmente para aqueles que exibem uma combinação de vivência dentro da Força com o ímpeto de cumprimento de missão.
As áreas de atuação do oficial do QAO são as seguintes: Administração Geral, Saúde, Material Bélico, Topografia e Músico. Podem assumir, entre outras, as funções de Comandante de Contingente, Auxiliar de Estado-Maior Pessoal, Adjunto de Suporte Documental, Chefe de Gabinete de Identificação Regional, Delegado de Serviço Militar, Adjunto das Seções de Estado-Maior das Unidades, Mestre de Banda de Música, Auxiliar Administrativo em Hospitais, Policlínicas e Postos Médicos, Chefe de Seções de Manutenção e membro de Equipes de Topografia.
A diversidade de funções atribuídas a estes oficiais, bem como a importância das mesmas, valoriza aqueles que por tantos anos serviram de maneira inconteste aos interesses do Exército Brasileiro. Respaldados por sua característica primordial de cumprimento do dever e compromisso com a Força Terrestre, são integrantes fundamentais da Instituição, quer pelas atividades que desempenham, quer pelo exemplo de dedicação demonstrado aos integrantes mais jovens e que iniciam sua carreira. O profissionalismo, o respeito aos valores e as qualidades pessoais evidenciados por estes militares remontam às glórias obtidas pelo patrono do quadro, exemplo de heroísmo até os dias atuais e exemplo de conduta para todos os militares integrantes do Exército Brasileiro.
O Patrono do Quadro Auxiliar de Oficiais
O Tenente Antônio João Ribeiro nasceu em 24 de novembro de 1823, na Vila de Poconé, província de Mato Grosso.
De origem humilde, incorporou voluntariamente como soldado no Batalhão de Caçadores Nr 12, em Cuiabá – MT, em 06 de março de 1841, aos 17 anos de idade. Fez uma carreira brilhante, forjando o seu valor profissional no dia-a-dia das lides castrenses.
Pelos relevantes serviços prestados ao Exército Imperial, nos quais se destacou pelos seus atributos profissionais e pessoais, ascendeu ao oficialato, como Alferes, em 29 de julho de 1852 e foi promovido ao posto de Tenente em 02 de dezembro de 1860. Como oficial, o Tenente Antônio João continuou desempenhando tarefas de árdua execução, em áreas inóspitas ao longo da fronteira mato-grossense.
Em sua última missão, foi comandante da Colônia Militar de Dourados. Aquela colônia era a representação típica do isolamento e da insuficiência de meios que caracterizavam as guarnições localizadas ao longo das fronteiras do Brasil, mas que eram sobrepujados pelo denodo e espírito de cumprimento de missão de seus integrantes. Com um efetivo de apenas 14 homens, Antônio João tinha a responsabilidade de guarnecer uma vasta faixa de fronteira.
Durante a Guerra da Tríplice Aliança, no dia 28 de dezembro de 1864, o Comandante da Colônia dos Dourados foi informado que o inimigo invasor se aproximava para atacá-la com um efetivo quase 15 vezes superior. O Tenente Antônio João reuniu todos os habitantes da colônia e expôs as circunstâncias. Depois mandou evacuar todos os civis que a habitavam para um lugar seguro. No mesmo dia, recebeu a intimação do inimigo para render-se. Mesmo diante da esmagadora superioridade numérica do invasor, Antônio João respondeu corajosamente ao inimigo que só se renderia por ordem do Governo Imperial.
Antes do embate final, o bravo militar, em plena consciência do sacrifício, enviou um bilhete escrito a lápis para ser entregue aos seus superiores com a célebre frase que se imortalizou na nossa história: “Sei que morro, mas o meu sangue e o de meus companheiros servirão de protesto solene contra a invasão do solo de minha Pátria!”
No dia 29, as forças inimigas atacaram Dourados. Intrépido e consciente do seu dever, Antônio João lançou-se ao combate, vindo a perecer e deixando um legado de exemplos marcantes de coragem, denodo, disciplina, responsabilidade, lealdade, liderança e patriotismo.
O Exército Brasileiro, reconhecendo as virtudes, os méritos e a trajetória profissional do Tenente Antônio João, perenizou sua memória, tornando-o Patrono do Quadro Auxiliar de Oficiais (QAO).
Na passagem do Dia do Quadro Auxiliar de Oficiais, prestamos essa homenagem a seu ilustre patrono e seus valorosos integrantes, certo de poder continuar contando com os seus inestimáveis serviços para o cumprimento da nobre missão do nosso glorioso Exército Brasileiro.
Fonte: DGP