25/11/2011 15h03 – Atualizado em 25/11/2011 15h03
R. Ney Magalhães
Espanhóis de um lado e Portugueses do outro, foram conquistando os territórios recém descobertos. Bandeiras e bandeirantes adentraram no centro-oeste e descobriram as minas de ouro de Vila Rica e Cuiabá.
Com a Republica Federativa criou-se o Mato Grosso e então “inadvertidamente” a Zona ervateira foi anexada naquele Estado e naquela região geográfica, o Centro Oeste.
Assim o Sudoeste foi esquecido porque ainda era virgem, despovoado e com terras que eram contestadas naquele período pós Guerra do Paraguay.
O majestoso Rio Paraná também ali estava, dificultando a conquista de bandeirantes paulistas.
Pós Guerra do Paraguay, o Governo Federal, temendo novas Invasões e na urgência de garantir as Fronteiras que estavam sendo demarcadas, arregimentou valentes trabalhadores brasileiros do extremo sul, que com a promessa de aqui receberem glebas para o sustento de suas famílias aceitaram o desafio e fixaram as Novas Fronteiras.
Escreveram-se as Constituições, as terras foram documentadas conforme a Lei, e a sociedade legal se organizou.
Getulio Vargas chegou e incentivou a criação de Cooperativas e instituiu a Carteira de Trabalho. A grande Empresa Matte Larangeira, logo depois Larangeira Mendes, (com G mesmo) era proprietária de imensas áreas de terras, e para explorar erva-mate utilizava muitos trabalhadores. Todos os que residissem nas propriedades deveriam ter Carteira assinada, com direitos Trabalhistas. Os demais residentes fora da propriedade do empregador não precisavam necessariamente receber Carteira de Trabalho.
Como o maior contingente de “mineiros” como se chamavam os cortadores/colhedores de folhas de Erva eram indígenas, a Cia. Matte optou em doar para a União-Governo Federal- uma parte de suas terras, fala-se em glebas de 800 hectares, estrategicamente distribuídas nas margens de suas propriedades. Com esses trabalhadores não residindo na área da propriedade evitava-se a despesa adicional.
Por omissão de Governos posteriores, essas Glebas de Terras destinadas para o inicio talvez de um Assentamento de Trabalhadores Indígenas ou não, foram esquecidas e abandonadas. Esses conhecimentos eu adquiri por força de minha vida de trabalho, na vivencia ervateira, acompanhando agrimensores, vistoriando projetos agropecuários do Banco do Brasil, da Secretaria de Agricultura etc.
Mais tarde como dirigente sindical constatei a veracidade desses pontos de Terras em Mapas do INCRA, como prioritários para assentamentos.
O Presidente Collor assinou o Decreto de desapropriação de uma dessas Glebas na região do Guassuty, Município de Aral Moreira, quando desrespeitando a Constituição de 1988 utilizou da prepotência governamental para expandi-la em um raio de mais de dois mil hectares, expulsando sem nenhuma indenização os proprietários legais e transformando aquelas terras altamente produtivas das Fazendas modelos do Egidio Bruno, Ângelo Fantin, Valdir Engel e Arco II, em capoeiras abandonadas.
A historia se repete com o triste episodio Lizio Gomes ocorrido esta semana na centenária Fazenda Ouro Verde no vale do Rio Guaimbé, hoje subdividida entre diversos proprietários. Os insistentes comentários plantados na Imprensa, confirmados hoje, em entrevista no Jornal do Meio Dia da TV Morena sobre a desapropriação de todo o Vale desde a Cabeceira dos Maciel e Rio Guaimbé abaixo até as margens do Rio Amambaí e acima pelo Vale do Rio Verde e do Rio Emboscada, perfazendo aproximadamente vinte mil hectares, acirram os ânimos. E não houve nenhum desmentido oficial dos Órgãos responsáveis. Urge um pronunciamento oficial do Governo Federal.
Nossas Terras Abençoadas estão sendo novamente contestadas.
*Produtor Rural./ 76 Anos.
Ex Dirigente Sindical Rural.