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quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Desabafo de uma amambaiense

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29/08/2012 11h14 – Atualizado em 29/08/2012 18h10

Por Ramona Cleide Martins Dutra

Em um mundo onde a conscientização ambiental é o assunto mais preocupante, nossa administração municipal com o intuito de alegrar os olhos dos habitantes de nossa cidade decide mudar o visual da praça central e inicia então uma dita “reforma”.

A princípio parecia que um novo calçamento seria feito, mas agora quando passamos por lá um sentimento de tristeza e revolta invade o nosso peito. A praça, marco central de nossa cidade, está sendo completamente destruída; não é só o concreto velho que está sendo arrancado também estão sendo arrancadas com ele nossas lembranças de infância.

E o que mais assustou foi ver as árvores deitadas no chão com suas raízes a mostra … Árvores estas que cresceram junto com a gente… Que nos refugiávamos em suas sobras, depois de brincar horas nas calçadas, quantas brincadeiras! Foi onde aprendemos a andar de bicicleta, pular corda ou simplesmente brincar de esconde–esconde ou cada macaco no seu galho.

Nossa praça não tinha grandes monumentos, nem brinquedos futuristas, mas tinha pássaros, verdes árvores, balanços, bancos que tinham registrados neles famílias tradicionais e comércios que participaram do desenvolvimento local. Coisas simples, mas que em muitas e muitas tardes de domingos eram protagonistas da alegria de muitas crianças de nossa idade.

O tempo passou e não foi a praça que ficou ultrapassada e sim as pessoas que passaram e fazer dela um lugar totalmente adverso para o qual fora criada, uma praça a nosso ver deve remeter paz, tranquilidade, ao contrario do que com o tempo nossa praça foi se tornando. Atualmente, não passava de um local barulhento: som alto, bebida,carros que afugentam as pessoas e as impediam de vê-la como realmente era.

Pessoas a depredaram, sujaram com poluição sonora, visual e também ambiental e, pasmem, com o consentimento de nossas autoridades, pois muito se falava a respeito, mas nada era feito. Até a presente data, onde decidiram que a praça está poluindo a cidade e simplesmente passaram as máquinas em tudo. Que culpa tem as árvores da imagem ruim que seus mais recentes frequentadores passavam? Acreditamos nós que nenhuma, por trás de toda aquela sujeira, a praça ainda estava lá.

Estivemos na praça com crianças, com nossos filhos há pouco tempo, estes estavam lá sem aparelhos eletrônicos, sem bebidas, apenas com vontade de brincar em um lugar tranquilo, era domingo e cedo da tarde, corriam, brincavam, apreciavam as árvores e o velho balanço.

Com o cair da tarde, carros foram encostando, jovens com som alto foram se instalando e nós disfarçadamente fomos pra casa. Vimos ali o que poluía a nossa praça, mas elas as crianças nem se deram conta, apenas comentavam eufóricos entre eles como foi bom passar a tarde na praça.

Infelizmente, tudo está sendo destruído. Fica aqui nosso ato de repúdio a essa depredação e a esperança que outros lugares, parte da historia de nossa cidade, não sejam destruídos.

E por mais bela que fique a sua nova arquitetura, como as árvores, parte de nossa historia foi arrancada pela raiz.

A autora é graduada em Matemática e professora na rede estadual de ensino de Amambai

Desabafo de uma amambaiense

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