03/09/2012 16h29 – Atualizado em 03/09/2012 16h29
Por Deise Bianchini
A população de Amambai tem-se mostrado sensibilizada com a revitalização da Praça Coronel Valencio de Brum. Alguns com saudável sentimento de nostalgia, outros criticam, talvez por falta de conhecimento, outros porque realmente não aprovam, mas a discussão está generalizada.
O progresso tem seu ônus e muitas vezes temos que optar entre o saudosismo, muito compreensível, e a segurança, higiene, condições saudáveis para as nossas crianças brincarem em playground seguro e nossos idosos desfrutarem de um espaço adequado com bancos confortáveis, banheiros limpos e modernos, calçadas sem rachaduras e piso irregular.
Também sou saudosista, aquele sentimento de lembranças boas, pois nossa memória é bem seletiva, trazendo à tona apenas as coisas boas que ficaram para trás, quando éramos mais jovens. Lembro quando cheguei a Amambai pela primeira vez, a Av. Pedro Manvailer não era asfaltada, para usar o telefone íamos à central telefônica, pois poucas residências tinham aparelho. Depois com as filhas o passeio preferido era a praça, mas sempre com cautela e preocupação, pois o que se escondia atrás dos pingo de ouro que rodeavam a praça? A primeira reforma da praça feita pelo Dirceu que a deixou da forma como era conhecida até alguns dias atrás. Sempre preocupado com a segurança e bem estar da população foi atrás de recursos, que, aliás, só podem ser usados pra construção ou adequação de praças. Com muita luta e empenho finalmente conseguiu o financiamento para poder fazer do sonho realidade, ter uma praça moderna e que cause orgulho e comodidade à população.
Nas minhas lembranças tem as histórias do pessoal que ia à Campo Grande de carro de boi, a viagem durava meses e era uma verdadeira mudança, toda família, criançada, carreteiro nas paradas. Imagino a festa, mas também as dificuldades.
Como era prazeroso lecionar no Felipe à noite, triste era quando chovia, as ruas sem asfalto não tinham iluminação, a volta a pé para casa era um pouco assustadora, e sempre – com a chuva – acabava a luz. Eu puxava uma lanterna de dentro da bolsa para poder terminar a aula. Não sei se os alunos gostavam, mas eu me divertia demais, como era bom aquele tempo, lembro com muito carinho dos colegas e alunos. A internet discada. Mas o tempo passou e a realidade de hoje e nossas necessidades são muito diferentes, nós temos outras necessidades. Inclusive o progresso permite a diminuição de distâncias, encontrando amigos, ex-alunos que estão em outros cidades ou países, possibilita compartilharmos as experiências de vida, lembrar com carinho, mas não viver no passado.
Sempre acusaram os ambientalistas da Secretaria de Meio Ambiente de radicais e vemos agora uma inversão de valores, onde os ambientalistas declaram que algumas espécies estavam comprometidas, prejudicadas por podas radicais constantes, com as raízes arrebentando calçadas e canteiros, colocando em risco crianças e idosos. Ambientalistas atestando que algumas espécies eram inadequadas para praças públicas, como frutíferas, tóxicas, exclusão de pinus e grevíleas comprometidos – que não são nativas de MS, que estavam afogadas e com desenvolvimento prejudicado pelo acúmulo de espécies em um mesmo local. Haverá plantio de novas mudas nativas e com espaçamento planejado.
Eu poderia fazer um artigo técnico ou político, talvez até esperassem isso, mas acho que estamos cansados disso. Todos mostram o coração vamos ver todos os lados e pesar o que queremos para nosso futuro e de nossos filhos.
Eu realmente me questiono sobre o progresso, ter acesso à internet, celular, asfalto, saneamento básico, iluminação publica. Ainda penso que vale a pena.
Deise BianchiniSecretária de Meio Ambiente de Amambai
