03/09/2012 17h00 – Atualizado em 03/09/2012 17h00
Por R. Ney Magalhães*
“Texto extraído de CRÔNICAS ANTIGAS – 2007” do autor.
Nesta ocasião festiva em que se comemora a Semana do Soldado e a Semana da Pátria, uma solene comovente e justa homenagem foi dedicada ao Líder Sapucaia, com a presença de seus filhos Oldegar e Madalena.
Ao homenagear o CORONEL SAPUCAIA, a Prefeitura e a Câmara Municipal da Cidade que leva seu nome, valorizou a todos nós Reservistas e ex-comandados desse valoroso Militar.
O Coronel do Exercito Brasileiro Orlando Olsen Sapucaia enquanto Militar do ONZE foi para mim e para meus jovens contemporâneos, o espelho do amor pela Pátria e pela Fronteira, sua Paixão de vida.
Era natural da cidade de Canoinhas, no Estado de Santa Catarina,
Cursando o Ensino Secundário no Colégio Militar do Rio de Janeiro, em 1937 entrou para a Escola Militar de Realengo, formando-se na Arma de Cavalaria.
Designado para seu primeiro posto como Aspirante no ONZE R. C. I. teve seu destino traçado.
A figura alta e atlética, com porte e garbo Militar de aparência austera guardava por trás
da farda verde-oliva, um enorme coração amigo.
Em 1943 casou-se com a fronteiriça pontaporanense Elza Ramirez, consolidando definitivamente seu futuro nesta Terra que ele tinha adotado como Mãe.
Em 1945 promovido a 1° Tenente iniciou a rotina Militar de transferências obrigatórias,
Partiu para servir em Curitiba, logo após foi ser Instrutor do Curso de Cavalaria da Academia Militar das Agulhas Negras.
Transferido para São Gabriel no Rio Grande do Sul, ficou por algum tempo, mas sempre solicitando transferência para Ponta Porã, pretensão conseguida em 1947.
Em 1951 foi cursar a ESAO, Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais no Rio de Janeiro.
Transferido para Alegrête no RS., logo retornou ao ONZE.
Foi então que conheci melhor e mais profundamente, o já então Capitão Sapucaia.
Como estudante em Viçosa, Minas Gerais, cidade próxima a Juiz de Fora, que era servida pelo C.A.M., Correio Aéreo Militar, com a amizade familiar que detinha com ele, consegui transporte a fim de realizar meu sonho de juventude em servir no Regimento de Cavalaria de minha cidade. Foram algumas idas e vindas para conciliar provas semestrais com a desejada incorporação ao Exercito.
Nessa época como Major, ou simplesmente SAPUCAIA como ele era chamado e conhecido, já havia se transformado em um mito em toda a Fronteira.
Pelo seu domínio do idioma Guarani e bom relacionamento de amizade com os Militares Paraguayos, era constantemente convocado e acionado para ajudar no combate aos “quatreiros”- quadrilhas de bandidos, assaltantes de Fazendas, ou Piquetes de Guerrilheiros Revolucionários muito comuns naqueles anos aqui pela Fronteira Norte-Paraguaya.
A jurisdição da área que hoje lhe presta reverência, era abrangida pelo ONZE.
Ladrões, travestidos de Revolucionários invadiam propriedades rurais, tanto no Território Brasileiro quanto Paraguayo, geralmente em busca de cavalos, pretensamente para serem usados pelos guerrilheiros.
Comandando um Esquadrão ou Pelotão e em conjunto com militares paraguayos nosso Líder era sempre requerido para combater aquelas ações.
Muitas quadrilhas de Bandoleiros foram exterminadas nessas incursões.
Tempos difíceis e que exigiam ações corajosas e comando forte.
Naquela época não existia ainda a Policia Federal para comandar ações Internacionais, impossíveis de serem praticadas pela Policias Civis e seus Delegados Municipais, únicas forças existentes para o combate aos crimes.
Os valentes Delegados Benedito Corrêa de Ponta Porã e Alcindo Franco Machado o Pequeno, de Amambaí, sempre se socorriam daquele apoio do Exercito.
Em 1953, sentei Praça nesse Regimento e como soldado passei a admirar ainda mais aquele Soldado rigoroso e amigo.
Não conseguindo esconder seu idealismo político partidário, naqueles anos conturbados do final da Era Vargas, sempre foi preterido por ocasião das trocas de Comando.
E particularmente acredito que, por ser Getulista, seu sonho em ser Comandante de nosso Regimento nunca se concretizou.
Chegavam rumores na Caserna que falavam na deposição do Presidente. Antes disso Getulio escreveu sua Carta Testamento e tirou a própria vida.
Esse episódio prorrogou meu tempo de serviço Militar, com o País em Estado de Sítio, junto aos meus colegas Cabos, Ayrton Azambuja (Itico), Jorge Kadar, Egidio Bruno, Heitor Flores só para citar alguns que comigo continuam vivendo por aqui estreitamos ainda mais as relações com o Sapucaia.
A historia do Brasil desse ano de 1954 até a chamada Revolução de 31 de Março de 1964, escreveu capítulos conturbados da vida Política Nacional.
Em 1961 nosso Herói foi transferido para o DAE no Realengo-Rio de Janeiro.
Da rotina de ações, para o ostracismo da burocracia seu coração patriótico não resistiu e assim ele faleceu a 15 de janeiro de 1963, sem conhecer o desfecho em 31 de Março do ano seguinte.
Prestigiando a homenagem, o Comandante do ONZE, Ten. Cel. Carlos Russo Assunção Penteado esteve presente. O Evento não pode contar com a participação da primogênita do homenageado, nossa amiga Mariazinha que exercia suas funções na Embaixada Brasileira de Washingtom.
Esta homenagem do Prefeito do município de Coronel Sapucaia Ney Kuasne e do Presidente da Câmara, vereador Segundo Rocha nos faz continuar acreditando no espírito cívico ainda existente em alguns Políticos. Meus cumprimentos a eles e ao poeta e escritor Sapucaiense Antonio Elias de Oliveira pela iniciativa patriótica.
Os filhos e demais habitantes do Município de Coronel Sapucaia tem um nome do qual podem se orgulhar.
Produtor Rural em Amambai, Reservista do ONZE. “[email protected]”