Preso no Paraguai desde dezembro de 2009 e requerido pela Justiça Federal, o brasileiro Jarvis Pavão, considerado um dos maiores traficantes do país vizinho, concedeu entrevista à imprensa paraguaia, na qual afirmou ter subornado policiais federais para que o deixassem em paz.
Em declarações reproduzidas pelos jornais ABC Color e Última Hora, Pavão, que encontra-se recluído na Penitenciária Nacional de Tacumbú, em Asunción, negou seu envolvimento no esquema desmantelado no último dia 25 pela “Operação Matriz”, acusando as autoridades brasileiras por perseguição.
“Eles não têm elementos para me acusar, então, agora inventam isso para dilatar minha detenção, que considero que é uma perseguição”, afirmou. “Durante vários meses [em 2003] paguei à Polícia Federal de Ponta Porã US$ 5 mil para que me deixassem em paz”.
“Na primeira vez entreguei US$ 20 mil e depois as cinco parcelas [de US$ 5 mil], mas como não acontecia nada e a perseguição era mais intensa contra minha pessoa e família, falei com o policial que retirava o dinheiro e pedi para falar com o chefe, mas este nunca me deu respostas, pelo que cortei o pagamento”.
“Eu tinha anotado em uma agenda o nome do agente [da Polícia Federal] e o valor que era entregue, essas anotações foram encontradas pelas autoridades durante a verificação de minha casa em Ponta Porã”, apontou Pavão, afirmando que, por conta disso, policiais foram remanejados a outras delegacias.
“Hoje em dia, qualquer coisa que acontece aqui e no Brasil é obra do Jarvis. Até se diz que eu controlo alguns negócios por satélite, a partir da prisão. É a maior mentira que existe. É uma invenção sobre a minha pessoa. Se a realidade é assim, por que a SENAD não impede? Não impede porque isso é uma farsa”.
Pavão afirmou, ainda, que “como sinal de que poderiam fazer qualquer coisa contra mim, mataram meu gato, esquartejaram e puseram seu coração sobre uma mesa e, dentro de uma geladeira, deixaram um escrito em português, que dizia que era um sinal do que podia acontecer comigo”.
Juntamente com o também brasileiro Erineu “Pingo” Sóligo e com o paraguaio Carlos Antonio Caballero (Capilho), Pavão encontra-se em vias de extradição ao Brasil, em processo que pode culminar ainda no mês de dezembro. Do lado de cá da fronteira, Pavão tem antecedentes por narcotráfico em Santa Catarina.
Por Guilherme Wojciechowski – SopaBrasiguaia.com.br