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segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Ações recreativas e formação ideológica com crianças e adolescentes de Amambai

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09/06/2014 21h02 – Atualizado em 09/06/2014 21h02

Por Douglas Menezes Oliveira

O Lar do Menor no município de Amambaí/MS funciona desde 1991. Há mais de 20 anos acolhe crianças e adolescentes do município, na faixa etária de 0 a 17 anos de idade, sendo a grande maioria na faixa de 05 a 15 anos de idade. O acolhimento das crianças e adolescentes apresenta elevada rotatividade, uma vez que o grupo se renova constantemente devido aos casos em que ocorre o retorno para suas famílias de origem ou, de outro modo, são encaminhados para adoção. No presente momento, a casa abriga 12 crianças/adolescentes, mas este número por vezes sobe e por vezes diminui. No entanto, é possível traçar a expectativa, observando os números passados de acolhimento, de que em um ano – período em que se pretende desenvolver as atividades recreativas– aproximadamente 50 crianças/adolescentes deverão ser contempladas com as ações.

Trata-se de uma realidade comum em território nacional: crianças/adolescentes provenientes de famílias desestruturadas. Além disso, no caso específico do Lar do Menor de Amambaí/MS, as principais deficiências familiares que resultam no acolhimento remetem a problemas como, por exemplo, baixa escolaridade das famílias, dependência química dos pais e/ou responsáveis, problemas psicossociais dos pais e/ou responsáveis, problemas financeiros que, em grande medida, refletem o desemprego associado com a falta de profissionalização. Por outro lado, algumas deficiências correspondem a situação individual das crianças/adolescentes: dependência química, elevado grau de violência, roubos e furtos e, principalmente, a evasão escolar.

Diante deste panorama, tornam-se pertinentes as atividades recreativas no Lar do Menor de Amambaí/MS, visando intensificar o acompanhamento da formação humana dos acolhidos e a compreensão das situações isoladas de cada indivíduo através da pesquisa-ação, promovendo certa inserção dos mesmos com a sociedade externa, dada através de oficinas culturais com a comunidade, além de ajudar no desenvolvimento sociocultural dos menores por meio de orientações e atividades complementares de ensino e recreação ao mesmo tempo, diagnosticar a procedência destes.

As ações partem do Lar do Menor, envolvendo diferentes setores da sociedade e, na realização das atividades, retornam ao Lar do Menor, contribuindo para a formação pretendida das crianças/adolescentes acolhidos, uma vez que viabiliza o processo de inter-relação, emancipação social e edificação do espírito cidadão pela via democrática de todos os sujeitos.

Crianças e adolescentes cuja prática familiar tem a rua como locus de sociabilidade, são vistas como delinquentes, bandidos em potencial. Em resumo, trata-se de crianças abandonas e lançadas em uma sociedade que ainda busca um espaço para elas.

Este quadro assume consequências catastróficas na orientação humana das crianças e adolescentes abandonados e, simultaneamente, expostos aos riscos de uma vida sem perspectiva e atravessada por circunstâncias que se intensificam cada vez mais de modo negativo. Destaca-se, neste caso, a violência e o abuso sexual sofridos em um estágio instável da vida.

De acordo com Martins e Mello Jorge (2010), os abusos sexuais, que vão desde tentativas de atentado ao pudor até o estupro. E, constituem, atualmente, importante evento mórbido que vitimiza crianças e adolescentes, adquirindo caráter endêmico e convertendo-se em um complexo problema de saúde pública, caracterizando uma das formas mais graves de violação dos direitos humanos e ocasionando impactos relevantes na saúde física e mental de suas vítimas.

Neste sentido, segundo Waksman e Hirschheimer (2012), a prevenção deve acontecer em três níveis. Em um primeiro momento, há a adoção de políticas públicas para o enfrentamento do fenômeno é de responsabilidade do Estado, mas a provocação das ações é responsabilidade da sociedade. Nesse nível, as estratégias incluem a orientação eficiente sobre o planejamento familiar e adequada assistência no pré-natal por meio de programas de informação, orientação e apoio às famílias. Em segundo lugar, a prevenção se constitui em ações que visam a identificação precoce da chamada “população de risco”, com o objetivo de evitar a eclosão do fenômeno. Em terceiro lugar, há a intervenção em situações de violência já instalada, visando a cessação imediata da agressão e a redução das perversas sequelas do processo de vitimização. As atividades recreativas pretende contemplar os três níveis, mas com maior dedicação ao terceiro momento, tendo em vista que a atuação está projetada para envolver as crianças e adolescentes já vitimizadas pelo abandono e em possível situação de risco, principalmente pela incerteza diante do futuro.

Referências Bibliográficas

MARTINS, C.; MELLO JORGE, M. “Abuso sexual na infância e adolescência: perfil das vítimas e agressores em município do sul do Brasil”. In: Revista Texto Contexto Enferm. Florianópolis, Abr-Jun 19(2), p.246-255, 2010.
WAKSMAN, R.; HIRSCHHEIMER, M. Combate à violência contra crianças e adolescentes. In: 2012.

Douglas Menezes Oliveira

Acadêmico da unidade de Amambai da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) / Curso de Ciências Sociais
[email protected]

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